A casa de apostas iniciou o expediente cedo, alguns ansiosos formaram uma fila do lado de fora, os sábados eram os mais movimentados. Entre a rotina do trabalho e o almoço em família, o sábado ficava num limbo de falsa tranquilidade. Os apostadores, com bilhetes nas mãos ou não, era um espaço inclusivo afinal, conversavam buscando reduzir ao máximo qualquer incerteza, a busca eterna pela combinação perfeita. Consultores mostravam tabelas e históricos, dados e projeções, se você quiser tenho uma informação exclusiva, o canto de sereia que encanta e engana os apostadores iniciantes.
O grande evento da semana era uma maratona, dividida em categorias, por gênero, faixa etária e atletas de alto rendimento ou corredores amadores. O maior retorno estava nas categorias mais amadoras, obviamente, o valor do ganho da aposta era proporcional ao risco. Nos balcões haviam panfletos explicando cada categoria, apostava-se em tudo, se o atleta compareceria no dia da prova, em qual colocação terminaria a prova, o tempo total de prova, as opções eram diversas.
O rumor de que poderia haver influência nos resultados era comum, os mais experientes sabiam que não passava de bobagem, a possibilidade de interação entre os dois mundos era nula, afirmavam categoricamente.
Cansado de escutar as bobagens foi comprar seu bilhete, passou as informações da oposta e, com o papel em mãos, voltou para a mesa onde conversavam. Categoria: amador, nome: Milena, prova de 5Km, irá comparecer e terminará entre os dez primeiros. Leu atentamente os detalhes da aposta, sentiu-se confiante.