Estava cansada da angústia que lhe queimava a alma, não suportava mais sua própria existência.
Cada mergulho uma foto, saía do carro, um sorriso e um click, se fosse à confeitaria era uma chuva de autógrafos e selfies.
Queria morrer para voltar a ser quem era.
Queria morrer para poder correr tranquila na orla da praia.
Queria morrer prá nunca mais ser notícia...
Tudo aquilo, toda sua vida, uma encenação, uma eterna mentira...
Entrou na cozinha, pegou uma faca, passou levemente sobre o braço, o catchup escorria, uma cena como mil outras...
Precisava de mais, precisava ser, precisava sentir...
Uma faca maior, encontrou na gaveta da cozinha.
Apontou para o rosto, será que sairia feia a foto no jornal?
Pensou na garganta, ali dava pra tampar com flores...
O fundo musical, tenebroso ecoava em sua cabeça. Luz, mais luz, a cena tinha de ser perfeita...
Foi para perto da janela, levantou a blusa, bem ali, naquela gordurinha enfiaria a faca.
Foi delicadamente, sentiu o calor, afundou um pouco mais e o sangue jorrou.
Agora sim, a cena perfeita e seu Gran finale!
Não precisou fingir lágrimas, eram naturais, como natural era a dor que todo dia a assolava.
Caiu aos poucos, foi fechando os olhos, aquele frio e calor, aquela inebriante sensação de paz...
Segundos, foco no rosto, suor escorrendo e aquela música triste e macabra ao mesmo tempo...
CORTA!
Infelizmente não era verdade...
Era só a cena de mais um filme da inconfundível atriz Lolita Maria de Los Reys.