Encarei o espelho. As olheiras estavam evidentes, assim como a saliência das maçãs de meu rosto – evidência do peso perdido – meus olhos pareciam opacos e meu corpo gritava por um cigarro. Saí do banheiro e caminhei até a varanda, logo fui abraçado pelo vendo frio. Assim que a nicotina invadiu meu corpo, a calmaria me alcançou e eu comecei minhas observações matinais. Notei como a fila no posto de saúde já estava longa, percebi quando Dona Marina, minha vizinha do lado, abriu a porta para seu cachorro sair ao mesmo tempo que uma menina – cujo o nome eu desconhecia – correria pela rua já que, como todos os dias, estava atrasada para pegar o ônibus. A menina passou pelo velho José que ia de casa em casa recolhendo latas vazias, o motivo dele fazer isso era incerto, mas todos os dias ele fazia.
Fumei outro cigarro enquanto observava um garoto caminhando e escutando música distraidamente, também reparei quando Carlos, o vizinho do outro lado, saiu para correr. As seis e meia, dei uma última olhada na rua, tudo estava relativamente calmo, como qualquer outro dia da semana. Todavia por algum motivo, a meu ver, as manhãs observadas pela varanda eram interessantes.