A primavera cheia de pólen e insetos soprava suave os cabelos de Adriane, uma adorável criança de pele branca e vestidinho florido, que arrastava sua mochila vermelha pelo caminho para casa.
O olhar baixo e os passos lentos caracterizavam bem a menina de quase sete anos que pela calçada de árvores floridas e cimento, limpava seus machucados entre suspiros e caretas de dor.
Subitamente parando sua rotina exaustiva, ela se agauchou e começou a chorar. Lembrando dos últimos acontecimentos, tentando entender porque dizer a verdade foi tão ruim quanto mal recebida.
– Dizer a verdade não erra o certa a se fazer? – resmungou entre soluções e choro.
– O que está dizendo, esquisita? – berrou um garoto banguela.
Adriane puxou sua mochila e cambaleando correu assustada, as lágrimas cada vez mais vividas escorriam deixando sua visão turva. Em vantagem de agilidade, o menino parou à frente da mesma lhe bloqueando o caminho com o corpo.
– Gosta de dedurar os outros é pirralha? – sacudiu-a pelos ombros levantando o rosto, mostrando o nariz que sangrava fino. – Que merda! Eu não fiz nada!! Pera... – a menina tremia como vara verde e era notável os arranhões e roxos. – Parece que é um mal habito seu, dizer sempre a verdade e olha o que conseguiu com isso – suspirando, largou a criança que desmoronou aos berros.
Não tardaram a vir os soluços, nem o nariz que mesclava entre sangue e ranho.
O menino não queria mais que a assustar, mas ela já estava aterrorizada. Chegará tarde e agora só podia confortar a jovem.
Ele puxou um pano da mochila e limpou o rosto da menina: – Dizer a verdade é importante, mas você precisa saber quando, onde e para quem dizer. Além de classificar com “vale” e “não vale” a pena contar...
– Por que? – perguntou fazendo uma careta enquanto o garoto apertava-lhe o nariz.
– Porque a verdade doe, sempre doe – pensativo terminou – em alguém.