Certa vez fui numa festa, já deixo claro que não sou muito chegada em festas, muito menos em pessoas, o motivo pra eu ter ido definitivamente era um só: comida, em negrito, letras garrafais, sublinhado, na fonte mais exagerada e chamativa que tiver.
Todo mundo na festa se divertindo, conversando, curtindo, mas na minha testa está escrito, como se fosse um grande outdoor (espaço para isso a minha testa tem, estou até pensando em alugá-la): vim pela comida, apenas, não conversem e nem venham com beijinhos ou abraços, eu estou aqui é pra encher a pança.
Enfim, chega a tão esperada hora, uma mesa bonita, bem preparada, com tudo que tem direito: coxinha, bolo, sanduíche, churrasquinho, docinho e o mais tentador e amado dos pratos de minhas lombrigas Marina, Eduarda e Joaquim: Espetinho de frango!
Ah, amado espetinho de frango, como eu estava com saudade dele, a última vez que tinha saboreado um espetinho de frango havia sido há meses, todo meu corpo estremeceu, a barriga já começou a brigar com o cérebro: "Não me interessa o bolo, eu quero é espetinho de frango!"
Lá fui eu, toda tímida, saborear o meu franguinho, empurrões numas velhotas, atropelando uns pirralhos lotados de docinhos, fui toda graciosa e preparada, como se estivesse indo encontrar um amante (e de fato era, eu e o frango temos muitas histórias juntos, somos quase almas gêmeas).
Como toda boa menina de família, fui direto ao ponto, sem rodeios, aqui a gente casa na hora, não tem essa de curtir o momento e nem enganar o estômago dando mordidinhas pequenas, enfiei o espetinho na boca, com tudo, nem sequer olhei pra o que eu tinha mordido.
Logo veio a sensação de bem estar, minhas lombriguinhas já estavam chorando de emoção quando de repente, inesperadamente, como um choque amargo de realidade, daqueles que nos parte o coração, eu senti...aquele gosto.
Não era frango, não era um pedaço de palito, não era bacon (mas seria ótimo se fosse), não era tempero, não era nem sequer queijo...era ela, a minha velha inimiga, a odiada, nojenta, invejosa, maldita, intrometida e mais um monte de nomes terríveis os quais seria incapaz de pronunciar...era um pedaço de banana.
As lombriguinhas antes felizes se transformaram num amontoado de ódio, não se sabia se chorava, se cuspia a maldita da banana ou batia no primeiro ser humano que aparecesse na minha frente.
Aquilo estragou a minha semana, nunca mais consegui comer numa festa sem ter aquele medo horrível de encontrar uma banana no meio da comida. Deveria ser crime, afinal, que tipo de monstro gosta de espetinho de frango com banana?!