Vai e vem pelo Tempo IV
É segundo semestre de 2017
Eu não fui libertado
E estou longe de fugir
Mas por momentos
Eu escapo
E vivo normalmente
Tentei ajuda
De quem conhecia
A maioria
Não fez nada
Mas algumas pessoas sim
Foi assim durante meses
Em que não podiam me ajudar
Como queriam
Mas ajudavam como podiam
Faço novos laços
E início uma procura frenética
Atrás de uma mentira
A mais bela já contada
Procuro-a desesperadamente
Enquanto vivia
Indo e voltando
Para o cativeiro
Até ser parcialmente solto
Mas não totalmente
Eu conheci gente nova
Já que as mentirosas
Bom
Eu descobri que eram mentiras
Enquanto o eu de abril
Ainda se envolvia diretamente
Com cada palavra que era vazia
Mas ocupava a mente
O eu de setembro
Tentava uma fuga
Eu a procurava
Mas não deixava de viver
Conheci alguém
Cabelos pretos
Olhos castanhos
Cabelo cacheado
E não demorei muito
Para tê-la em meus braços
E grudada a meu corpo
Na primeira noite
Enquanto dizia para ela
Que a queria
Hoje e amanhã
E sempre mais
Quando mentia para ela
Era final de setembro
Pois dois meses depois
Ela sentiu falta
De qualquer emoção
Pois eu ainda era escravo
Da primeira prisão
Eu continuo procurando
Pela mentira mais bela
Tornei-me amigo
De uma doce garota
Embora já corrompida
Por um sedutor de fala mansa
O mesmo tipo de comerciante
De escravo
Só que de outra forma
Ele a seduzia bem
E ela por aprender cedo demais
Os prazeres do sexo
Fingia ser adulta
Mas de tão criança não via
O homem que a consumia
Decidi não resguardar
Decidi mostrar
Para minha amiga
De cabelos pretos
E cacheada
A de 2016
Que em sete meses
Me trairia
Contei o que senti
Com cicatrizes e tudo mais
A resposta
Era a de sempre
Menos
E não mais
Afastei-me temporariamente
O que em sete meses
Seria permanentemente
Minha doce amiga corrompida
E escravizada
Não sabia que era escrava
Tentei contar
Mas ela não ouviu
Por doer em mim
Vê-la tão perdida
Preferi afastar-me
O eu de novembro
Afastou-se dela
Enquanto o eu de setembro
E outubro
Via nela o potencial
E a força para ser livre
Enquanto o eu de novembro
Viu que as algemas
A mente e coração já a prendiam
E minha mente e corpo temiam
Voltar à escravidão
Eu fugia
Mas sempre voltava
Nunca era pego
Sempre cauteloso
Com medo
De quem dizia ser meu dono
Artur Poeta da Neve