Veja somente o que eu quero que você veja. A sua frente apenas fumaça branca. Você não vai ver mais que um palmo a sua frente. Enquanto você não enxerga nada, eu o vejo. Caso queira se orientar terá que se atentar. E se conseguir calar seu eu, continuará cego. Aguce sua audição. Consegue ouvir o som do silêncio? Eu sabia que não. Eu habito nele.
Vamos, não tenha medo. Arrisque o primeiro passo. Porque ninguém consegue dar ao menos um? É tão assustador vaguear pela neblina? Não se deixe levar pelo cenário mórbido. É apenas um dos meus truques. Veja além. Quero tanto que você enxergue além do que seus olhos conseguem ver.
Eu surjo sorrateira. Estou sempre um passo a frente e quando finalmente sou vista causo surpresa. Por aqui não costumo ser muito popular e mesmo nos lugares que sou ainda causo espanto... Ainda há aqueles que nutrem certo fascínio. Há aqueles loucos que enxergam alguma beleza nisso. Essa gélida paisagem empedernida e sem cores que eu trago.
Ninguém nunca vê o que realmente é. Suas visões são limitadas e ninguém é intrépido o suficiente para se arriscar. Eu realmente gostaria que alguém andasse. Realmente adoraria que alguém visse através dessa fumaça.
Oh, resolveu arriscar? Preste atenção. Nem tudo é o que parece ser. Cuidado para não tropeçar.
Está perdido? Ora, eu sou apenas uma neblina. O que você teme? Só porque você não vê não quer dizer que é ruim. Vamos, vou te presentear com uma nova experiência: Feche seus olhos. Esqueça seus receios. Eu não sou tão assustadora assim.
Se concentre no silêncio. Consegue ouvir agora? Ainda não? Tudo bem, então... Abra os olhos. Observe tudo que você não consegue ver. Não fez sentido? Tem certeza? Muito bem. Isso já é um começo. Consegue sentir essa solidão? É exatamente isso que essa neblina toda esconde. Bem, na verdade ela não oculta. Como eu havia dito ela sempre esteve aqui, mas ninguém foi capaz de ver.