Abriu os olhos, mas não conseguiu mexer um músculo sequer. Moveu os olhos para baixo com certa dificuldade, na intenção de tentar descobrir o que estava acontecendo, uma vez que sentia como se algo muito pesado estivesse pressionando seu peito. Gelou; congelou; desejou ter voz para gritar, mas nada pôde fazer além de arregalar os olhos, a ponto de quase fazê-los saltarem para fora.
O que viu, não conseguia explicar. Já tinha ouvido histórias, afinal, seus parentes eram irlandeses, mas nunca levou à sério. Porém, parado ali, em cima dele, estava um duende. Uma fêmea, que lhe sussurrava histórias tenebrosas, recheadas dos maiores medos que ele possuía. Naquela altura, seus olhos já ardiam e a falta de movimentos lhe sufocava. Estava ficando louco, só podia ser isso.
Depois de alguns segundos de paralisia e desespero, finalmente lembrou do que sua avó lhe disse a respeito dos duendes do sono. Puxou na memória a canção antiga que supostamente poderia espantar o serzinho místico e começou a cantar mentalmente.
Aos poucos, o peso em seu tórax foi diminuindo e os sussurros monstruosos foram calando, apagando as visões assustadoras. A música funcionou, já podia movimentar-se livremente. Aquela foi a pior noite de toda a sua vida e foi o pior pesadelo que já viveu.
Definitivamente ele não visitaria a Irlanda nunca mais.