felino miau, três traços
contorno.
prédio de luzes incandescentes,
vozes entorpecentes,
escadaria lunática --- espelunca
de pássaros, provérbios sapientes.
lufada triste noturna
por sobrexcesso especulativo
a tradução da milionésima edição do capital
cordão umbilical, presentes de natal: uma escova
de dentes (usada); uma camisa (com ursinhos alcóolatras);
um trevo de quatro folhas mordido pela ratazana egípcia.
eles passeavam multidimensionalmente, contentes,
deprimentes, sussurrando, blasfemando (otacos em oratória
oculta); pelos cavalos que assumiam feições de hiatos
entre cavalgadas imaginadas por ocasiões em que,
sem contar o que aquelas reticências inferiam,
tomates eram descascados para o grande banquete dos fantasmas.
apenas que se amontoassem notícias sem que se retraçasse
a fonte donde pululavam eventos --- bailarinas tremeluzentes
(todas as épocas em que não se testemunhou a natureza elástica do pensamento)
aqueles sinos de catedrais anunciavam a continuação dos giros
a partir dos quais eu assumia um olhar cada vez mais englobado
pelas idiossincrasias que permaneceriam escapando
tanto mais quanto as tabelas periódicas não fossem assimiladas
tanto mais quanto, teoricamente, esbarrássemos aqui e ali
com prolongamentos de um mesmo erro muito engraçado
em que a melancolia assumia cores de melancia
caroços de fraternidade na consubstancialidade das partículas
(cortava as unhas, atirava rolos de papel higiênico no teto,
remexia-se na cama; ah o amor, jamais jamais o amor ! )
aquelas parábolas mutuamente costuradas no apontamento
imediatamente posto em evidência pelos poderes de transposição das esferas
(súbita revolução; outro dia, outras horas; estes rostos
apresentam-se à consciência: olá, olá ---
fumaça de encontros e fundições, fundamentalmente
a passagem de capítulos de um sonho em aberto)
desperto,
o sonambulismo epistemológico, rapadura na qual dançavam formigas,
silêncio meu caro veículo ascensional,
já não varriam-se aranhas naquele recinto,
poeira de sobrecasacos russos do século dezenove...