Temos uma grande tendência a reclamar de determinadas situações, da atitude das pessoas e de como estas atitudes afetam nosso dia a dia, contudo, sempre procuramos o culpado, dizemos: “esta menina não sai do celular”, “esse celular não para, toda hora alguém liga!”, “não aguento mais o whatsapp, não dá sossego!” e outras coisas do tipo...
Algo que raramente nos dispomos a fazer é pensar em sobre como somos co-responsáveis em todas estas situações! Se os filhos não saem do celular, quem é mesmo que colocou o crédito? Se não lhe dão sossego, quem deu tal liberdade ou não impôs certos limites? E ainda, somos livres para desligar o celular, silenciar o whatsapp e muito mais.
Não sou contra a tecnologia, de forma alguma, com certeza ela facilita e muito diversos aspectos de nossa vida, entretanto é necessário não nos tornarmos escravos dela, também não sou contra o contato com os outros, muito pelo contrário, uma boa conversa, avisar aos outros onde você estará, caso for demorar, é uma boa prática.
Quero apenas chamar a atenção para a necessidade de ser responsável pela própria vida e pelas próprias escolhas e pelo modo como conduzimos nossos relacionamentos. Tomando o exemplo citado acima, de pais e filhos, hoje em dia cada vez mais cedo expomos as crianças à tecnologia, à babá-eletrônica, ao celular para o bebê parar de chorar, ao desenhinho no tablet, que miraculosamente faz a criança ficar quietinha horas à fio..., são escolhas nossas, modos como acostumamos os filhos e depois reclamamos do vício na tecnologia... Compramos os aparelhos mais sofisticados, mas não nos dispomos na maioria das vezes à conversa mais usual, percebem? Financiamos a falta de comunicação no lar.
Acostumamos as pessoas mal também, hoje em dia há uma vigilância, um controle sobre a vida do outro, trocam-se dezenas de mensagens durante o dia só para saber onde o outro está, o que está fazendo, isso quando nós mesmos não damos por meio das redes sociais estas informações: “no shopping com...”, “indo tomar banho agora...”, “comendo tal coisa...”, expomos nossas vidas para o mundo inteiro e esquecemos que nas redes sociais também entram pessoas mal intencionadas... Muitos crimes são de certo modo auxiliados por aquilo que as vítimas postam em redes sociais e mais uma vez financiamos nossa própria insegurança e tolhemos nossa liberdade.
É preciso estar presente na própria vida e participar da própria história, fazer escolhas conscientemente, pensando nas consequências futuras, gastar tempo com relações de qualidade, face a face de verdade, prestando atenção nas expressões faciais, no olhar, nos gestos... Lembrando do que disse, o grande poeta, Fernando Pessoa:
“O valor das coisas, não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis” (Anual Basic, 2015, s/p).
Para que tal ocorra, é preciso viver de verdade! Invista seu tempo, seu dinheiro e sua atenção naquilo que realmente venha a proporcionar paz e alegria ao seu coração, e ainda ensine aos outros como gostaria de ser tratado, respeite-se e se faça respeitar, diga NÃO aos abusos, sejam de quem for.