Me lembro de quando eu era criança e o que eu mais amava no mundo era procurar fotos de galáxias, constelações, nebulosas, universos, planetas, luas... Olhar aquelas fotos pixeladas no Google Imagens, me causava uma sensação sufocante de ansiedade... Olhar para aquelas imagens representando astros tão imensamente grandes, me fazia sentir ainda mais solitária.
Tantas cores, espectros, multiversos... Cosmos e Macrocosmos, Metagaláxias... Sistemas solares... E quem eu era?
E quem eu sou?
Me pergunto se em alguma outra galáxia, existe algum outro ser com a mesma sensação persistente no peito, sensação que dura já há 20 anos - ou para este ser, talvez uns dois mil anos...
Sempre me achei muito limitada para falar sobre o universo, sempre tento apresentar conspirações, teorias, provas e observações nestas conversas, mas acabo travando... Travando como no dia em que eu estava deitada no quintal olhando as estrelas, e senti meu peito apertar apertar apertar - era como se algo fosse acontecer naquele momento e então... Em um milésimo de segundos, um trilho de luz rasga o céu e dele desce um enorme meteorito... E sabe-se lá, para onde ele foi, mas ele se deixou ser visto por mim...
Fico me perguntando se alguém na rua de trás, na cidade a 100 km, na Dinamarca ou em Júpiter, teve o prazer desta visão, tão rápida e duradoura quanto a morte.
Algo se rasgou dentro de mim naquela noite, não faço ideia se foi ruim ou bom, mas de fato, Quem rege estes multiversos no universo, por algum motivo grandiosamente inquieto, sabe que eu me derreto por uma emoção, mesmo sendo tão parva para falar sobre as emoções que estão acima de mim...
Me pergunto, sabe, ainda agora, se há um bilhão de anos luz, todas as eras já não deram uma volta completa, e voltarem para onde eu estou agora - no meu trabalho, escondida escrevendo esta crônica absurda, enquanto tenho tantas planilhas de Excel para fazer...
Me pergunto, sabe, como eles se organizam em outros universos, o Excel foi invenção nossa ou deles?
Me pergunto, sabe, se em algum desses universos, eu poderia ser mais satisfeita.
Me pergunto se em outros universos, os seres habitantes daquela ou desta Terra, ainda se destroem por bobeira...
E, novamente me pergunto, por que raios, este universozinho do qual faço parte, não me parece mais valer tanto à pena...