Você me corrompeu
De todas as maneiras possíveis
Por meio de seus artifícios sombrios.
Como se a vida inteira eu houvesse sido preparada
Para ser um sacrifício destinado a nenhum deus,
Você mutilou minha carne e devastou minha alma
Apodrecendo minha felicidade
E cegando a minha liberdade
Em prol de seu prazer.
Sua voz assustadora
Me chama em direção a sombras azuis mais escuras que a noite
Todas às vezes que um sorriso se forma em meus lábios.
Mesmo tendo sofrido o inimaginável em suas mãos
Temo pelo pior sempre que sinto você chegar,
Pois sei que não posso subestimar sua capacidade
De me transformar em uma morta-viva.
Ao mesmo tempo que sou tomada pelo medo
Sinto-me satisfeita em me entregar a sua devastação,
Pois você não mente quando diz que eu não presto,
Quando fala que em meu coração não cabe amor,
Quando grita que meus passos serão conduzidos para a escuridão,
Quando sussurra que uma alma suicida não pode mais ser salva.
Me prostro diante de você por temor e devoção,
Pois sua chegada sempre me causa
Arrepios e risadas,
Afinal não há nada melhor do que ser massacrada
Pela minha musa mais aclamada.
Você me dá bofetadas,
Enquanto os versos surgem.
Você pisa em meu coração,
Enquanto as rimas cantam.
Você devora minha felicidade,
Enquanto as estrofes crescem.
Você me mata,
Enquanto a poesia os afaga.
Terror e horror são minhas preces,
As lágrimas de medo são as oferendas
E a minha alma mutilada é o sacrifício,
Por isso, venha!
Eu te convoco, grande Deusa!
Faça a minha poesia mais triste
Se tornar a bela,
Pois é somente na dor
Que se encontra a verdadeira beleza.
Me dê palavras deprimentes de Ternura,
Enquanto violentamente me Tortura,
Oh, doce Tristeza.