Eu tenho esse como um dos seus textos mais elaborados e misteriosos. Por quê? Simples, não se sabe o que aconteceu, ou o contexto por detrás desse sentimento nostálgico. A impressão que se dá no primeiro parágrafo seria de que o protagonista morreu, e tendo como único desejo que a pessoa amada não se entristeça com a sua perda; afinal, pode ser outra pessoa que a acomoda nos braços.
Mas os parágrafos seguintes deixam a nossa convicção abalada: se o protagonista morreu, por que raios ele ficará olhando as fotos de momentos juntos, e entristecer quando o anoitecer chegar e ele se encontrar sozinho? Ele não está morto, tampouco ela, então qual a situação presente?
O que deixa um x duvidoso é a parte da "mesmo que não haja uma cama macia". Teria ela estando por problemas financeiros? Ou melhor, estaria ela escolhendo um futuro duvidoso ao invés de um futuro a dois sendo vivídos por eles? Ambos se amam, e isso é nítido no texto. Então, por quê?
É uma pergunta instigante, o que torna o texto mais belo de ser lido, e mais interessante e magnífico do que já é, porque se tivéssemos as respostas, não teria a menor graça. E volto a ressaltar, eu amo isso na sua escrita, amo a maneira como você deixa uma interpretação aberta, sem perder a essência e a coerência do texto. Há mil possibilidades diferentes, mas jamais teremos uma resposta concreta, e é dessa maneira que I promise se eterniza em nossas mentes.
O protagonista aqui não pede algo impossível, ao contrário, a única coisa que ele almeja é que tudo fique bem para ambos os lados, demonstrando assim a dor da ausência. É como estar no paraíso e não poder enxergar; você não sabe se a alma está presente, apesar de querer, e você não pode voltar no tempo para rever a pessoa no momento, mesmo que seja o único pedido. Dói, corrói, destrói. Mas tudo tem uma luz no fim do desespero.
E essa luz é a promessa de um reencontro.
E sabe o que esse relato me lembrou? De um soldado na qual escreveu em uma carta o seu desejo de que tudo ficará bem, e do desejo de ver a pessoa amada bem, apesar de tudo, e deixando como legado uma promessa que irá se cumprir, seja daqui um ano, uma década, ou em um mundo espiritual.
É doloroso, é lindo, é romântico... É, acima de tudo, esperançoso. Parabéns.