Quando olho para o céu límpido e azul, a única coisa que me vem à mente são seus fascinantes olhos que transbordam todo o carinho e amor guardados no âmago do seu coração. E pensar que há alguns meses me encontrava aprisionada ao sofrimento de um amor não correspondido, de algo que não valia à pena, enquanto o que eu sempre almejava se encontrava o tempo todo ao meu lado.
Agora, diante do enorme espelho a minha frente, nunca me senti tão completa e feliz. Meus longos cabelos roxos estavam presos em um perfeito coque, dando destaque ao véu transparente que se encontrava preso a minha tiara. O vestido, apesar de simples, realçava meu corpo, assim como a leve maquiagem realçava a cor dos meus olhos. Eu estava linda, simplesmente.
Linda, porém demasiadamente nervosa.
Por mais que eu tentasse afastar todas as dúvidas, elas teimavam em rondar a minha mente. Será que não fui muito precipitada? Por que aceitei tão rapidamente e não esperei um pouco mais? Será que é essa a família que um dia desejei ter?
– Laura, está na hora! – Ouvi minha mãe gritar. Dei um último suspiro antes de descer as escadas, com a sensação de que todos poderiam ouvir as batidas do meu coração. – Por Deus, você realmente parece uma princesa, minha filha! – Seus olhos estavam marejados, denunciando que brevemente ela voltaria a chorar, e foi exatamente o que aconteceu no minuto seguinte quando senti seus braços ao meu redor.
– Por favor, mãe, não chore. – exclamei, enquanto ouvia seus baixos soluços. – Está tudo bem, não é como se eu realmente fosse ir embora. Nós nos veremos todos os dias, e todo fim de semana iremos almoçar em casa. Então, por favor, não chora.
– Prometo que tentarei não chorar mais, meu anjo, mas não garanto nada. – Ouvi-a fungar junto a uma pequena risada, antes de se afastar minimamente. – Está segura da sua decisão?
- Sim, mãe, estou. – Admiti depois de alguns minutos. Eu estava segura, apenas nervosa.
- Então vamos antes que cheguemos mais atrasadas!
Meu coração parecia que iria explodir a qualquer momento, e o nervosismo era demasiado ao ponto de me interpelar se iria conseguir caminhar sem tropeçar nos meus próprios pés. Definitivamente eu não estava mais segura.
Todavia, ao adentrar a igreja e vê-lo parado no altar, com aquele mesmo sorriso que era a causa das minhas constantes perdas de fôlego, todas as dúvidas que pairavam no ar se dissiparam. Não havia mais convidados ao meu redor, muito menos o medo de tropeçar e cair, tampouco ouvia a marcha nupcial tocando. Havia apenas eu e ele, como sempre existiu.
A cada passo que eu dava era como se todas as incertezas do futuro não tivessem existidos há minutos. Ao olhar dentro daqueles olhos azuis, percebi que a força que me auxiliava e me mantinha caminhando era ele; a luz que me guiava e me tirava da escuridão. A minha esperança, minha confiança, o meu propósito de vida... Sempre foi ele.
Sempre foi você, Rafael.
Quando sua mão pousou sobre a minha me conduzindo até o meu lugar, a tempestade que havia se formado no meu âmago se acalmou instantaneamente. E quando nós finalmente selamos a nossa união com um beijo, apenas uma certeza predominou:
– Você é tudo que um dia poderia pedir a Deus. – Sussurrei para que apenas ele ouvisse. – O meu porto seguro, o homem que eu amarei por toda a minha vida, o pai dos nossos futuros filhos, o avô dos nossos netos. E acima de tudo, você é tudo que eu preciso para ser feliz.