O cheiro fétido lhe causava prazer
Adorava sentir dor, e fazer os outros doer
Deleitava-se com os gritos hediondos que abominavam no ensandecer
Mas que, infelizmente, sempre findavam ao amanhecer.
Primeiramente o susto, o medo e o pavor
Segundamente o grito, o choro e o terror
Depois as pancadas, as facadas e a excruciante dor
Deliciosas, principalmente quando a vítima clamava: "pare, por favor!"
É um trabalho escultural, riscar a pele delicadamente
Para então apertar a faca, afundando profundamente
E ver escorrer o doce sangue bordô, languidamente;
O lambendo e chupando deleitosamente.
Após a delicadeza começa a profanação
Afunda as unhas podres nos cortes e retalha com precisão,
Grita em seu insano orgasmo de perdição
Arranca com os dedos nacos de carne, e os devora sem medo da punição.
Repulsiva é a imagem da criatura deplorável
Em meio a toda heresia, tudo termina com um abraço abominável
No qual morde e dilacera o pescoço do pobre miserável...
E então contorcendo-se a vida se esvai, com os primeiros raios de sol de uma manhã adorável.