Ouço a porta do castelo se abrir. Que surpresa! Alguém encontrou esse velho túmulo de memórias..
Não consigo deixar de ficar curioso. Me dirijo até a porta onde vejo uma jovem de olhos verdes e longos cabelos negros a olhar as antigas relíquias no que um dia fora um laboratório.
_ Posso ajudá-la, senhorita?
Ela se surpreende com o som da minha voz e ainda mais com minha aparência pálida.
_ Sou médica e soube que um antigo alquimista viveu nessa regiao. Mas permita lhe perguntar se posso ajudá-lo primeiro.
Seu tom era leve e sincero como a muito eu não via , mas decidi contar uma meia-verdade: _ Sou o último da linhagem do homem que viveu aqui. Minha "doença" é irreversível.
Ela me olhou um pouco surpresa mas comovida pela compaixão. Era um calor que não sentia a anos.
_ Tenho pouco tempo de vida, mas neste tempo, os estudos da família estão ao seu dispor . Qual seu nome?
_ Lisa.
_ Eu lhe ensinarei o que puder.
Que sensaçao de dor era aquela que ardia em mim, como se eu ainda pertencesse ao mundo dos vivos.
Dias depois já tínhamos um laço bem forte, mais forte do que deveria ser entre aluno e mestre.
....Dias depois.....
_ Lisa, diante da suprema corte ética da medicina eclesiástica, você foi considerada culpada de experimentos com magia negra e ocultismo.
_ Meritíssimo- ela se defendeu- são apenas remédios com base em estudos antigos.
.....logo mais, a noite....
Retornava eu de uma longa viagem, talvez a última, mas resolvi passear pelo vilarejo enquanto dormindo.
Notei ao centro da cidade um corpo carbonizado e a cruz da igreja .
_ Nãooooooooo - meu grito pode ser ouvido - eu posso morrer esta noite, mas com todas as forças que me restam, irei trazer o desespero até vocês.
De meus olhos o sangue escorria como lágrimas vermelhas. De dor e ira.
Eles pagariam com suas vidas!