Quando eu olhava para minha aluna, ela sorria sempre para mim, com doçura e amabilidade. Eu não era o mais jovem, muito menos o mais bonito. Não sei o que atraia ela até mim. Eu não entendia nada de amor.
Eu dava aulas de literatura, e ela sonhava em ser escritora, como me disse um dia. Ela também me contou que gostava de olhar as estrelas, que gostava do cheiro da terra molhada, e que queria viajar para a Itália.
A vida é cheia de coincidências, minha família é italiana, e quando eu era criança queria ser astronauta. Isso sem contar a vez que eu rolei pela terra no meio da chuva e acabei pegando uma pneumonia.
Eu contei essas coisas pra ela, e ela me impressionou com o que me respondeu, que essas coincidências não eram nada, nada significativo sabe. Posso ter deixado minha tristeza transparecer, mas ela soube exatamente o que dizer, que as pessoas não precisam de coincidências para terem uma história ou um destino juntos.
Perguntei o que ela queria dizer, e ela disse que as pessoas procuram outras com interesses e gostos em comum, mas que isso não era o primordial, porque o mais importante era o modo como as pessoas se sentiam ao lado uma da outra.
Me senti um pouco tonto, afinal eu estava recebendo lição de moral de uma aluna. Mas ela tocou meu coração com essas palavras. E eu acreditei nela. Quando buscamos o amor precisamos apenas olhar para ele próprio, o amor, e não para outras coisas como aparência e conta bancária, ou até mesmos os gostos em comum, porque tudo isso é mundano, o importante é a nossa alma amar a alma da outra pessoa.
-Essa é a história de como eu me apaixonei por uma aluna- disse o velhinho
-E esse aluna era a vovó?- perguntou a menina
-Sim minha netinha, a partir disso nós começamos a namorar, os anos se passaram e acabamos nos casando- respondeu o avô
-Eu sinto saudade da vovó e da mamãe...- começou a chorar a menina
-Elas estão no céu, meu benzinho, estão olhando por nós...- consolou o avô
-A sua história com a vovó é tão bonita, você acha que algum dia eu também vou encontrar alguém que ame minha alma?- indagou a menina
-É claro que vai, essa pessoa vai amar a sua alma, com muito amor, eu sei disso meu benzinho- disse o avô confiante
-Obrigada vovô, eu te amo- falou a menina o abraçando
-Eu também amo você, mas agora vamos jantar!- disse o avô retribuindo o abraço da neta