Caro Hugo,
Começo esta missiva, como um de seus clientes importantes - as causas pelas quais você quer ir para longe de nossa aldeia, para longe da nossa rua, para longe de minha cama e dos balanços na varanda - não mais "amado Hugo", apesar de tanto o amar, pois me encontro triste... E, prefiro fingir que você já se foi e agora somos apenas desconhecidos.
No entanto, se você se for para além das montanhas, meu coração não irá repousar até eu fazer parte de cada pensamento seu.
Eu rodopiarei nas nuvens, nadarei com os peixes do rio, estarei te vigiando junto com a Lua, e o Sol e tudo quanto o céu contêm, não estarei viva até eu habitar em cada partícula do seu ser e de seu suor, não fecharei meus olhos até que seu coração só pulse pelo nome, e sem meu nome - não há mais nada.
Em sua mente meu nome ecoará tão forte quanto uma ventania pré-tempestade, meu nome soará como maldição, sua boca vai salivar, seus membros vão despertar e não vão cessar o choro até você querer me ter de volta... Em volta de sua cintura, bem no meio de seu coração, prezado Hugo.
Espero que você chore e sofra, longe de mim, além das montanhas do outro lado do mar, espero que você soluce e gema, morrendo de desejo, ardendo em tristezas por não ver mais minha doce face, logo assim que acordar.
Nunca mais balançaremos, nos balanços que fizemos juntos há tantos anos atrás, nunca mais - por sua culpa!
Sei que você vai me querer, mas já estarei a léguas de distância.
Então, sem mais delongas e, se não quiser ser assombrado com meus fantasmas apaixonados, peço, imploro de joelhos...
Fique.
Desesperadamente,
Sua.