Ok.
Não se trata de morrer, mas sim um constante (ou pior ainda, crescente) desejo de nunca ter existido. Da insanidade de tentar imaginar como seriam as coisas se nunca estivesse estado aqui e invariavelmente constatar que, na sua opinião (e também no seu âmago), não teria feito tanta ou sequer alguma diferença de verdade.
Se trata de uma percepção sombria e recorrente de que, de repente, sua vida não teve... Melhor dizendo, não TEM relevância. Pelo menos, não para si. Claro, pessoas próximas (no sentido de convivência) dizem convictas que é o contrário. E você na maioria das vezes acredita nelas... Mas, não totalmente.
Tem algo aí dentro que te impede de se convencer. Sempre teve. Provavelmente sempre terá. Se isso não é um fato, por que se passaram tantos anos (e tantas, TANTAS conversas) e você ainda se percebe no escuro (e também em plena luz do dia), olhando para o nada enquanto por vezes tocam músicas que ultimamente (e sinceramente) sequer nota por causa da gritaria (ou dos sussurros) retumbando no seu íntimo?
Você olha para trás e se dá conta da quantidade das falhas e omissões, do quanto isso te custou (o ônus da culpa e do remorso perdurando ainda nos dias de hoje e não só para si). Você sente que viveu errado ou talvez nunca tenha vivido de fato, não em um sentido que tivesse sido realmente digno de nota. E aí mora o cerne de loucura: esse "quê" a mais que muito parecem ter... Nunca houve para si, dentro de si.
E agora (só agora? Talvez a idade e os efeitos/reações de suas escolhas ou falta delas tenha lhe mostrado mais claramente) se conscientiza do quão ínfima se tornou a relevância da sua vida, da sua existência aos seus olhos vazios.
(Niilismo gradual como doses homeopáticas de veneno ingeridas desde quando/sempre?)
Quer saber a verdade? Eu te digo.
Não importa o quanto as pessoas dizem que se importam ou você foi/é importante para elas, não é mesmo? O Universo inteiro poderia gritar e estampar isso em todos os lugares para qualquer um saber. O problema é que você não consegue entender (digo mais: SENTIR) isso. Nunca conseguiu. E não foi por falta de tentar. E, na realidade, você tem desistido mais e mais de fazer isso.
É bizarro quando você não tenta se matar, mas percebe que está começando a não ligar se eventualmente viesse a morrer (até porque isso é inevitável), certo? Essa sensação dita tóxica (seria mesmo?), depreciativa (eu diria acurada), crescente (quiçá inerente) de... Término. Soa covarde, considerando fatores como saúde ou idade? Soa hipócrita, se comparado a tantos outros e outras em situações monstruosamente piores em N modos? Soa exagerado, levando em conta os aspectos positivos que vez ou outra sua vida teve/tem em outras vidas, nem que fosse uma só vez? Sim, sim e sim.
Todavia... Ainda assim, isso está com você, como se fosse uma caixinha de estimação cheia de vômito que guarda e carrega o tempo todo. A única novidade é que agora não dá mais para disfarçar o fedor, não é mesmo? Também meio que parou de ligar se vão notar ou não. Vou além; você se torna o vômito, cada dia um pouco mais. Talvez sempre o tenha sido.
Tão somente um regurgito longamente (loucamente) autoruminante desde o ventre até o vindouro (inexorável) túmulo, tal qual esta "obra". Haha.
Qual é/tem sido a relevância da sua vida/existência para você, afinal? Isso é tudo o que importa, acho.
Ou ao menos... Deveria.