O dia havia chegado, porém o sol estava coberto pelas nuvens e pela nevoa de inverno, dando um tom azulado e cinzento para aquela casinha, o clima estava formidável e belo para mim, outros discordariam dizendo que está sombrio, mas a beleza é relativa para cada um.
Sequer era seis da manhã e eu estava acordada, procurando o caminho do sono, fechei os olhos e tentei novamente dormir pelo menos até as sete, porém foi inútil, meus olhos permaneceram abertos, nada me restou se não ficar ali, pensando sobre o sonho de ontem à noite.
Foi um sonho aterrorizante, não houve monstros nem criaturas gigantes destruindo a cidade, longe disso, porém era algo que querendo eu ou não, me afetava, algo pessoal que me atingia mesmo quando eu dizia que aquilo não me dava mais medo.
Me viro para o lado oposto e vejo ele adormecendo como uma criança, não deixo de sorrir, um sorriso espontâneo que só consigo produzir quando o vejo.
Ele acalmava minha alma, eu estava de fato um turbilhão, cheia das preocupações e anseios, coisas minhas que afetavam só a mim, porém quando eu olhava aquela face tão calma, aquele cabelo bagunçado e até a forma toda largada como ele dormia, eu sentia paz.
Fico fitando aquela figura, levanto devagar minha mão até a altura do seu rosto e começo a passar a ponta dos dedos sobre sua pele, sobre cada detalhe que tanto me apetecia, sobre suas sobrancelhas, sobre sua bochecha farta, passava o polegar de leve sentindo aquela pele macia, escutando sua respiração baixinha...
Tão adorável, aquela cena tão confortável fazia com que meu coração acelerasse, o que era estranho, pois já tinha visto aquela cena tantas vezes e ainda sim conseguia sentir como se fosse a primeira vez.
Percorro as mãos sobre seus cabelos devagarinho, sentindo fio a fio, o cabelo dele crescia tão rápido, eu gostava quando estava grande, fica mais fácil de bagunçar o que é um hobbie para mim, olho aqueles lábios que eu conhecia tão bem, aquela cavanhaque por fazer, o que dava um charme.
_ Eu o amo tanto... _ deixo escapar dos meus lábios em um sussurro.
Sorrio novamente, queria que existisse uma câmera capaz de fotografar os sorrisos sinceros que eu dava quando o olhava, nem sabia quanto tempo havia passado desde que havia acordado porém eu sabia que tinha que levantar para fazer o café, meu amado acordava tarde, nem sempre dormia bem por causa da insônia então eu o deixava dormir.
Me levanto devagarinho, rezando mentalmente para a cama não ranger, consigo com êxito, porém antes que eu colocasse os dois pés sobre o chão frio, sinto seus braços se envolverem ao redor da minha cintura e me puxar novamente e me abraçar e sinto um selinho cálido em minha testa, estava claro que não iria sair dali, e agora nem queria sair.
Aquele abraço era como um calmante, um arrepio confortável percorre minha espinha, me sinto bem de repente, como se toda nuvem negra acima de minha cabeça se dissipasse.
E surgisse apenas um arco-íris.
Me deixo guiar por aquele abraço, não ligo mais para o café ou para horários, só queria ficar ali, com ele.