Lá estava eu, tão singelo e sem graça, vendo tu passar.
Poderia eu deixar de te desejar? Eras bela aos meus olhos como a lótus a desabrochar, mas havia algo em ti que não pude enxergar.
A verdadeira beleza, sutil e ao mesmo tempo irresistível, me fazia menos humano e mais animal.
Sabia que, em dado momento, aquilo escaparia de meus lábios. Você o previra.
Essa foi minha ruína, o deserto escaldante que passei a viver.
Só podia te contemplar, sem nunca te ter.
Como minha
Só minha
Até a razão se transformar em loucura.
Não sei em que ponto parei, erguendo entre nós uma barreira. Que não era feita de obras mas de palavras.
Viverás em meus pensamentos. Muito embora eu não devesse.
Pois a raiz daquilo tudo enterrei no inferno. E aqui, no deserto, jaz apenas uma casca temporária.
Do que já fui.
Do que queria ter feito.
Ah, seu doce gosto, seu suor, me levaria aos extremos...