A porta rangeu, assim que um homem esbelto de terno cinza entrou.
Era um apartamento simples de um quarto, um banheiro e uma cozinha improvisada; havia uma mesa com uma cadeira, uma pia de metal, um fogão preto e uma geladeira pequena verde vomito. Ao lado da porta uma poltrona remendada com uma mesinha; à frente a porta negra do quarto, trancada com um cadeado.
O homem fechou a porta de entrada, tirou o casaco e pendurou em um prego na parede. Ele olhou em volta, desabotoando as mangas da camiseta branca. Então, dirigiu-se a cozinha e lavou os utensílios sujos, secou e guardou no armário abaixo da pia. Assim que terminou, suspirou.
Abriu a geladeira e observou o conteúdo como quem decide o almoço do próximo dia, fechou e pegou uma das caixas de cigarros sobre a mesma.
Aproximou-se da porta do quarto, batendo três vezes antes de escancara-la.
No quarto uma cama de casal, formalmente, arrumada e empoeirada; um roupeiro pequeno e, particularmente, velho; uma janela coberta por uma cortina preta e desbotada; e em um dos cantos, um coberto azul aberto e amassado como se fosse de algum animal.
O homem sentou na poltrona, tirou a gravata azul marinho e acendeu um dos cigarros; observando, o tempo todo o quarto escuro.
– Vai ficar aí dentro para sempre? -não houve resposta. – Eu vou embora... -ameaçou e um pequeno barulho se escutou.
Engatinhando apareceu, uma pequena e desnutrida garota de cabelos pretos que arrastavam no chão. Ela usava somente uma encardida camiseta azul listrada e uma calcinha de renda rosa, sentou-se na entrada do quarto.
– Vem aqui, vem! -bateu de leve em uma de suas pernas. – Eu quero conversar...
A pequena, engatinhou lentamente até chegar aos pés do homem e voltou a sentar no chão.
Ele olhou para a garotinha como quem analisa um rosto memorável. Em seguida, curvou-se colocando a mão no queixo e puxou-a para mais perto de seu próprio rosto; lábios secos e esbranquiçados da garota, pareciam frágeis.
Estendendo seus braços pegou delicadamente a criatura aos seus pés.
– Parece cada vez mais magra –sentou-a em seu colo e as pequenas mãos caíram em seu peito – Uh! Desabotoe minha gola, está incomodando...
As mãos da jovenzinha, levemente, tremiam; abrir três botões foi o máximo que conseguiu, devido ao colete que usava. O corpo do homem que se mostrava agora, estava mais escuro do que de fato era, devido a iluminação precária do local.
– Eu estou com calor, abra o colete também –assim, ela o fez.
O sangue correu dos lábios frágeis da garota que os mordia, fortemente.
– Você está tão sedenta, assim? –não houve uma resposta e ele soprou a fumaça na cara da pequena, que tossiu – Vamos! O que está esperando? –os olhos verdes da menina observavam a face masculina em sua frente que sorria – Está esperando o meu consedimen...
A criança mordeu cada vez mais forte até conseguir furar a pele do pescoço disponível.
– AH! -gemeu o jovem adulto que já começava a ofegar.
Os feromônios que a pequena liberava no ar tinham um cheiro forte, adocicado e excitante de flores de jasmim. Ela estava eufórica e já pressionava seu pequeno corpo contra o peito em sua frente, segurando a cabeça do homem e chupando seu sangre escuro.
– Ei! Um p-pouco ma-mais de calma-a... – o rosto do homem se avermelhava, conforme mais rápido batia seu coração.
Sem uma reposta ele segurou os braços da criança, empurrando-a para trás.
– Um pouco mais de calma!!
A garota desfez bruscamente a posição e emburro os braços do homem contra as guardas da poltrona para finalmente colocar um pequeno sorriso mal feito em sua expressão simples, até agora.
Inclinou-se, lambendo o machucado causado no pescoço exposto; acariciando a pele do rapaz com seus lábios úmido, mordendo a orelha e beijando o rosto; sua forma de pedir desculpa por “ir com tudo”.
– Solte-me –ordenou e assim se fez. – Ah... -suspirou. Aquele pequeno ser em sua frente, freneticamente, observava sua face, esperando algo... Talvez uma punição.
O jovem homem passou a mão em seu pescoço e observou o sangue em sua palma, sorriu de canto.
– Pequena, achou que você abriu uma cratera no meu pescoço! – a garota olhava-o com um ar de inocência e calma. – Vamos ter que mudar algumas coisas, não é?... Mas, primeiro vou dar um banho em você – ele pegou-a no colo e dirigiu-se ao banheiro.
Um cômodo pequeno, simples e relativamente sujo; um vaso sanitário com grossas manchas de ferrugem, uma pia pequena suja de pasta e sangue e uma banheira amarelada coberta de limo. Os esforços não seriam poucos se ele quisesse que a menina saísse mais limpa que entrou.
Usando a esponja da cozinha limpou a banheira gosmenta e a pia cascuda; preparou a água morna para, enfim, desabotoar a camiseta da garota.
Era inevitável não observar o jovem corpo magro da criatura em sua frente; os pequenos seios, as costelas evidentes, a pele clara e suas manchinhas, os roxos de batidas e os machados não curados, as cicatrizes de mordidas e arranhões... os borrados batons. Sem dizer nada, conduziu-a entrar nas águas da banheira e com um sabão de glicerina começou seus esforços para limpar rastros indesejados de um corpo, atualmente, fraco.
— Fique um pouco aí, vou lavar suas roupas – assim, seguiu para a pia e entregou as roupas sujas da pequena.
O silêncio seguiu por vários minutos, quando a jovenzinha perguntou: — Não vai fazer aquelas coisas?
O homem continuou lavado por algum tempo, então, bruscamente, respondeu: — Que coisas está falando?
— Tocar-me...!?
O jovem largou o que fazia e virou-se, sorrindo de canto: — Vamos ter tempo para isso e, depois, você não confia ou me deseja – voltou ao silêncio.
Até que o rapaz ficasse satisfeito com a lavagem, passou-se algum tempo. Olhou a menina submersa em águas ainda com um pouco de espuma, dirigiu-se a banheira e esvaziou o líquido encardido de desagrados.
Desgraçados; esses que faziam seu sangue ferver só de imaginar tudo que fizeram com a pequena, naquele minúsculo apartamento.
Ligou o chuveiro, terminando de tirar os vestígios da criança.
Pegou uma toalha, secou o pequeno corpo em sua frente. Enrolou-a naquele pano e levou ao quarto; revirando o roupeiro, franzia a testa. Todas as roupas ali tinham um odor que não o agradava, bruscamente, tirou sua camiseta e vestiu a garota nua; sorriu ao vê-la mais dele que de outros(as).
Enquanto, ele sorria por seus feitos; a criatura observava o corpo do jovem e toda informação que conseguia ver.
Em seu tórax, as cicatrizes longas, provavelmente de lâminas; e em suas costelas uma elaborada tatuagem de um pássaro deformado e rabiscado com uma tinta negra. Chamativa o suficiente para fazê-la querer tocar: — Você não pode tocar aí... ainda não — falou o homem sério.
Colocando seu colete novamente seguiu para porta da frente, pegou seu casaco. Hesitou ao abrir a porta, virando para ver a garota bem as suas costas. Colocando a mão em seu ombro, disse: — Quero que apronte suas coisas, amanhã vou levá-la daqui! — o tom de sua voz era de irritado, mas sua expressão estava mais para desconfiado.
A pequena assentiu com a cabeça, mas não havia expressão em seu rosto; bem como sinceridade em seu gesto.
—Pois bem; até amanhã, Senhora.
A porta se abriu para os corredores e o homem de terno cinza saiu do apartamento com as mãos nos bolsos das calças e sem sua adorável camiseta branca.
Aquele era o apartamento de número 156, do final do corredor do 13° andar.
A criança fitou a porta e a trancou.
O jovem homem caminhava confiante pelos tapetes vermelhos de um prédio renomado e conhecido como Gold Vines; parou confortável à frente do elevador.
A menina se virou para o cômodo observando a pobreza e sujeira.
O elevador subia os andares, pessoas saiam do mesmo; o homem esperava.
A pequena ajoelhou-se aonde estava.
O elevador abrisse vazio ao homem que observou seu reflexo no espelho para depois entrar.
A criança colocou a cabeça no chão e tampou os ouvidos.
O elevador fechou as portas e começou a descer.
A jovem fechou forte os olhos verdes.
O elevador em que o rapaz estava arrebentou os cabos de aço e quebrou-se os freios de emergência, caindo cada vez mais rápida sem controle algum até achatar com a batida e tremer todo o edifício. Rachando muitas paredes e desmoronando a garagem de 3° andares do subsolo.
O desesperou instalou-se.
A pequena criatura ficou naquela posição mesmo depois do som da queda chegar ao apartamento; aos poucos foi levantado seu ser em prantos e fitando o teto, suas lágrimas corriam pelo rosto triste: — Marcos...! Por que não voltou? —franziu a testa — Marcos!? Por que eles continuam vindo? — desabotoando a camiseta do desconhecido, gritou: — MARCOS!!!! — ... até ficar roca.
As pessoas dos apartamentos próximos evacuavam o prédio em desespero, as machucadas gritavam por ajuda e as crianças choravam por seus pais, alguns já mortos. Depois de algum tempo, toda a aflição foi amenizada pelos sons de sirenes tocando e o estralar das chamas.
Em meios aos soluços a garota ouviu alguém empurrar das portas do elevador e depois de instantes o pisar de um sapato em cacos de vidro, as portas dos outros apartamentos rangiam conforme esse alguém se aproximava.
Tudo parou na porta de número 156, três batidas ecoaram por todo o andar.
A criança não respondeu, mas seus músculos tremeram e os olhos arregalaram-se ao silêncio terrível.
Assim dando para ouvir o sorriso do demônio abrindo-se no outro lado da porta.
Chutando a porta, ele adentro o cubículo.
O homem de cinza, não mais esbelto. Seu terno estava rasgado e só sobrava um botão.
A perna esquerda vinha arrastada e presa ao corpo por pedaço de pele; o braço direito deslocado com uma fratura a mostra, não mexia; o tórax que outrora era liso, agora todo deformado mostrava os intestinos furados que escoriam fezes por todo o lado; o pescoço quebrado e caído para o lado expunha as vertebras e o esôfago; contudo a parte mais destruída era a cabeça, a mandíbula pendurada com falta de quase todos os dentes; o crânio moído com um olho espetado por pedaço de espelho e o outro faltava.
O homem encostou no marco da porta para colocar sua perna no lugar, enquanto seu sangue se misturava com restos do café-da-amanhã; ele puxou seu braço com toda a força até ouvir um estralar. Empurrou todas as suas tripas para dentro e antes da ferida fechar tirou um pedaço de madeira do estomago.
A pequena criatura chorava quase mijando, enquanto tremia de medo.
Os dentes caíram e novos nasceram em sua boca e estralando seus dedos colocou sua mandíbula no lugar, lambendo seus lábios, ele sorriu.
A garota afastava seu corpo do desconhecido que se regenerava em sua frente.
— Você achou mesmo que me jogar de 16°andares em um elevador seria o suficiente para me matar? — observou calmo, a criança com quem foi carinhoso, suspirou: — ACHOU MESMO QUE SERIA O SUFICIENTE?!! — gritou, furiosamente, deixando seus chifres amostra; longos e curvados para baixo.
A pequena menina tremia ao demônio de tamanho poder...
Agora só sobrava do acidente o sangue escuro, fezes e um café-da-amanhã mal decomposto. Assim, mais vivo que nunca começou a mover-se para a garota que por sua vez se arrastava para longe.
— Eu não queria um vínculo tão forçado, mas não me deixou tantas escolhas, gracinha — o sorriso em seu rosto acelerava o coração da criatura, aponto dela dar as costas para fugir do demônio e, assim, fez-se o erro.
O homem agarrou-a pelos cabelos escuros e colocou seu joelho encima da menina, prendendo-a para em seguida puxar a cabeça da mesma para o alto, fazendo-a garrar a mão dele. Cheirando o branco pescoço, disse entre dentes: — Tão bom sentir só o SEU cheiro. —em um movimento rápido assentou a cabeça em sua mão contra o chão.
Ele abria o que restava de suas calças, ouvindo a criança em meio as lágrimas implorar: — Por favo-or... Eu... não quero... — mesmo no chão com aquele jovem homem em cima de seu corpo, tentava arrastar-se para longe.
— Deveria ter pensado nas consequências antes de tentar matar-me.
Esfregando seu pênis naquele pequeno corpo, pôs os cabelos da jovem ao lado para lembre-lhe a nuca e com suas unhas pontudas amostra arranhar os peitos e abdômen da mesma. Em êxtase pelos gemidos de dor, ele chupa o sangue que ficou em suas garras; como uma droga poderosa que era aquele fluido, as presas amareladas ficaram expostas na boca do demônio.
— Caralho!! Você é muito gostosa!! —esfregou seu membro enrijecido e beijou as costas da menina.
—Deixe-me ir... Po-por fav-or —soluçava a criatura esmagada.
—Eu não posso te deixar ir por alguns motivos óbvios —riu entre um sorriso genuíno. —Um deles que eu paguei muito caro por você... —sem esperar uma resposta, ele colocou seus dedos na boca da mesma e terminou — E também, quem você espera a tanto tempo, não há de voltar!
Sua ação foi respondida com o mastigar dos longos dedos: — Mentira sua!!! —gritou.
Sem qualquer pudor o jovem adulto desceu sua mão a virilha da menina, usando a saliva e sangue como lubrificante, deslizou para dentro da vagina. Em movimentos leves e seguidos, massageava a entrada para a penetração de seu membro.
As lágrimas cessaram em meio a surpresa: —Não pode estar sério! —o puro desespero a fez arranhar o chão, arrancando as unhas e muita de sua carne.
—HAHAHA! —gargalhou alto e grosso. —Só percebeu agora?
Levantando o quadril da pequena, substitui seus dedos por um pênis duro.
—Quanto tempo faz que ele a tocou? —sem resposta, ele continuou. —Deve fazer muito tempo, talvez eu ainda ache algum vestígio, não é?
—Eu já te-Nho u-Um laço... ah... nÃO —mesmo mediante as lágrimas, ela não podia negar que seu corpo gostava cada vez mais daquele toque.
O rapaz se movia rápido ao mesmo tempo que tocava o clitóris duro e excessivamente sensível.
—Eu amo as fraquezas do corpo humano —gemeu ao lado do ouvido da pequena. —Traído descaradamente seus verdadeiros desejos e mostrando sua verdadeira forma...
O corpo da criança mostrou-se como uma carcaça de luz contida na nuca um quase apagado selo da burguesia. Aquele era o momento de parar a fuga e proteger seu laço.
Gargalhando em um suspiro o negro ser respondeu a ação de fidelidade: —Eu não consigo acreditar... —irritado, terminou. —Na verdade eu não quero acreditar na sua crença infantil!
Enfurecido puxa-a o quadril subitamente forte, ejaculando o mais fundo que conseguiu. Ver aquele corpo luminoso manchado por algo negro, como uma gota de petróleo em um copo de leite.
Em um susto raivoso a criatura contorcia-se debaixo do homem: —Tira! Tira isso de mim!! —debatendo-se e choramingando, tirou as mãos para arranhar seu corpo.
A boca bem aberta de presas prontas, o jovem aproveito o momento e enterrou os dentes na nuca. O sangue escorreu aos lados formando um bonito desenho do selo real, um demônio de alta classe. Devido a formação de vinculo, a menina desmaiou e voltou a sua delicada forma humana.
Observando o corpo desvaído de consciência, comentou: —Duvido que vá marcar esse demônio aqui... —caminhou até a cozinha e escolhendo uma faca, sorriu ao achar algo afiado.
Dobrando os joelhos, segurou um dos pulsos da desfalecida e cortou horizontalmente; sem dificuldade talhou um corte no próprio pescoço, unificando os sangues. Um horrendo selo desfigurado formou-se daquela mistura mal feita, avermelhando em uma possível inflamação.
As chamas que destruíam o prédio estavam totalmente fora de controle, mas era preciso sair daquele lugar. O estranho ser observou em olhos perdidos as chamas que só agora começavam a entrar no apartamento. O jovem adulto estava muito fraco para acabar com aquela situação.
Ele caminhou até o quarto, trocou suas roupas por melhores opções e agarrou o pano azul do chão. Sem tradar, enrolou a criança naquele tecido e saiu em passadas rápidas: —Caso estivesse acordada, poderia criar algum círculo de fuga ou sei lá —bufou irritado.
O intenso fogo causava a explosão de vidros, bem como o cair do revestimento das paredes.
O homem corria como podia para fora daquela situação que ele mesmo causou.
—Preciso conter mais um pouco esse fogo... —falou com dificuldade, consigo mesmo.
No lado de fora os bombeiros tentavam desesperados apagar e controlar a situação, os edifícios em volta eram monitorados para evitar que fossem danificados. Quando os oficiais pensavam haver esperanças, os botijões de gás em sintônia iniciaram uma explosão uma atrás da outra como em um enorme evento de fogos de artificio.
Iluminava-se a noite escura com tamanha festa.