“Eu acho que gosto de você...” As palavras foram engolidas em seco e ficaram apenas em seu pensamento, a garota seguia os passos do amigo, ela estava cabisbaixa e sua expressão era vazia, sua cabeleira negra e longa mexia-se minimamente com os passos leves e curtos. Já o garoto estava animado e andava com os amigos à frente da menina, as feições dele eram infantis e convidativas, transbordando de felicidade.
— Vamos! — O garoto estimulou-a olhando para trás, fazendo seus cabelos negros e rebeldes voarem. — Mais rápido! Precisa acompanhar a gente! — Apressou-a a andar mais rápido e de alguma maneira ficar a par a ele e os amigos que riam e faziam graças entre eles.
“Às vezes eu acho que você sente o mesmo...” Por um instante ela parou de andar, vacilando, olhava os três garotos se afastando gradativamente sem a esperarem. “Mas eu sei que é mentira...” Voltou a caminhar, apressando um pouco mais os passos, conseguiu diminuir um pouco a distância e ficar como antes. “E você não sabe como isso dói...”
Algumas lágrimas ralas começaram a cair de sua face pálida fazendo uma trilha molhada nas bochechas ressecadas. “Eu sei que essa não é sua intenção...” Fungou, dando passadas ainda mais lentas.
“Afinal, nós somos irmãos...” Ele parou de andar e novamente olhou para trás, deu um sorriso à garota, estendeu a mão e segurou a dela com força, puxando-a para junto de todos. “Eu nunca estou muito perto...”
Ele começou a puxar assunto, os outros dois ajudaram a garota a pelo menos falar alguma frase para dar continuidade à conversa expressiva dos três, ela apenas deu um sorriso tímido. “Mas eu acho que posso viver com isso...”
— A gente fica por aqui. — Ele falou aos outros dois e puxando ela para dentro da casa de tijolos. “Desde que eu possa ficar perto de você...”
Ela enxugou uma lágrima solitária e, em um ato impulsivo, saiu de casa, rumando sem nenhum lugar em mente. “Eu só quero que me diga...” Inconscientemente parou na pracinha perto de sua casa que costumava ir com seu irmão. “Você viria atrás de mim se eu fosse embora...?”
Ele arfava muito e estava com as mãos apoiadas nos joelhos recuperando o ar que faltava. — Sabia que estaria aqui. Sempre vem aqui quando está triste. Você me deixou preocupado, saiu sem nenhum motivo. — O garoto enxugou as lágrimas da irmã e estendeu-lhe as mãos para puxá-la e voltarem à casa. — O que aconteceu?
Ela apenas olhou para baixo e fez um não com a cabeça, afinal, Alice sempre foi muda.