A carne apodrecida se definhava, ele estava se desfazendo e, abaixo dos seus dedos desesperados, o pequeno rastejar dos animais sob sua pele o fazia se sentir nojento, repugnante.
Alimentava os animais com a própria carniça, restando-lhe apenas a carcaça vazia a qual tanto repudiava.
Odiava-se, principalmente, pelo que havia feito – e não sabia como lidar. Era tão difícil se enxergar e perdoar, quando tudo que vinha à sua frente, era a figura sem vida e repulsiva, que berrava-lhe o quão nojento ele era.
"Nojento, podre, imundo. Eu te odeio, eu te odeio. Você é um monstro, eu te odeio." a voz gritou rancorosa.
As lágrimas enchiam-lhe o rosto e o ambiente se tornava sufocante. Tudo lhe sufocava, na verdade. As pessoas, o dever, o futuro, o passado. A corda. E, com um pequeno suspiro angustiado, a voz se calou.