Caos
Andromeda
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 02/07/19 07:49
Editado: 24/07/19 04:40
Gênero(s): Reflexivo
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 52seg a 1min
Apreciadores: 4
Comentários: 4
Total de Visualizações: 944
Usuários que Visualizaram: 9
Palavras: 140
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Allegory of love, Bronzino.

Capítulo Único Caos

A carne apodrecida se definhava, ele estava se desfazendo e, abaixo dos seus dedos desesperados, o pequeno rastejar dos animais sob sua pele o fazia se sentir nojento, repugnante.

Alimentava os animais com a própria carniça, restando-lhe apenas a carcaça vazia a qual tanto repudiava.

Odiava-se, principalmente, pelo que havia feito – e não sabia como lidar. Era tão difícil se enxergar e perdoar, quando tudo que vinha à sua frente, era a figura sem vida e repulsiva, que berrava-lhe o quão nojento ele era.

"Nojento, podre, imundo. Eu te odeio, eu te odeio. Você é um monstro, eu te odeio." a voz gritou rancorosa.

As lágrimas enchiam-lhe o rosto e o ambiente se tornava sufocante. Tudo lhe sufocava, na verdade. As pessoas, o dever, o futuro, o passado. A corda. E, com um pequeno suspiro angustiado, a voz se calou.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Às vezes eu me culpo demais.

Apreciadores (4)
Comentários (4)
Comentário Favorito
Postado 11/07/19 20:14

A leitura é agoniante e essa tensão é crescente conforme o clímax se aproxima. Apesar de ser um conto pequeno em estrutura, o tema abordado é imenso. Tamanha é a grandeza que todo o sofrimento é palpável, pois é possibilitado ao leitor, sentir e refletir sobre cada palavra presente nesta obra.

O narrador pode ser qualquer um, pois estes sentimentos não escolhem a dedo quem abater. Ele só chega, sorrateiro. Quando menos se espera, ele explode, devastando tudo e todos ao redor. É como guardar uma bomba relógio no peito e esperar que ela não exploda. É como criar um monstro e esperar que ele não se volte contra você. O final sempre é trágico para aqueles que são consumidos, de fato.

No entanto, nós não estamos sozinhos. Sempre há de nos rodear alguém importante, fundamental, que impede que a chama da vida se apague na nossa alma.

Essa obra define bem o que alguém com esses pensamentos passa e descreve com clareza e intensidade, o que é ser consumido pela solidão. Obrigada por compartilhar conosco uma obra desta estigma e por representar tão bem, mesmo que em poucas palavras, este enorme caos.

Meus parabéns ♥♥♥

Postado 24/10/19 00:04 Editado 24/10/19 00:07

Sua análise sobre sobre meus textos conseguem ser mais profundos que os mesmo e, sinceramente, eu amo isso. Me agrada ver como você enxerga meus textos, faz-me parecer maior, melhor.

Eu tento muito pensar que tenho alguém comigo, mas às vezes, eu sinto que estou apenas incomodando alguém, de novo, pelo mesmo motivo.

Porém, essas ondas de tristeza sempre passam. Mesmo que fiquem vestígios delas aqui ainda.

Enfim,

Muito obrigada. ♥

Postado 02/07/19 11:02

Uma obra deveras interessante e de grande profundidade. Tbm sou assim.

Me culpo por muitas coisas, me sinto inutil e pequeno diante de tantas pessoas boas.

Postado 23/10/19 23:33

Às vezes é impossível não se comparar com tantas pessoas que nos cercam, mas é sempre bom lermbramos de nossa essência.

Muito obrigada.

Postado 03/07/19 00:19

Às vezes, tudo que você precisa fazer é lembrar que humanamente cometer erros é normal. E que tudo bem, culpar-se muitas vezes é inevitável, mas você merece todas as chances para recomeçar.

Essa obra me lembrou dois casos: a série Dark e uma crise existencial.

Ambas perpassam o suicídio. Que em uma, tem como propósito permitir o progresso de uma história (o que na vida real, espero que ninguém veja como opção). E a segunda como a libertação de tudo que for mundano. Mas, que no final, a pessoa fica presa no limbo. O que aparentemente é pior do que estar de fato morto ou vivo-morto.

O que quero dizer é que é uma obra muito densa e, ao mesmo tempo que traz admiração e fascínio, traz preocupação. Tanto perante ao eu lírico quanto ao autor/autora da obra.

Te parabenizo com todo o meu ser, porque é uma baita obra. Mas desejo também todo o meu sentimento de esperança e paz de espírito. <3

Postado 23/10/19 23:52

Olá, desculpe-me a demora. Talvez você se quer se lembre desse comentário, mas resolvi respondê-lo pois ele me reconfortou muito depois de ter escrito isso.

Fiquei tocada por suas palavras pois são poucos que demonstram preocupação, a maioira se identifica (o que sinceramente, acho pior). Mas, de certa forma, fico feliz que escrevi algo que tocou alguém. Parece que não foi em vão.

Muito obrigada, moça. Eu realmente não sei pôr nas minhas palavras o quão grata sou por esse comentário. ♥

Postado 05/10/20 21:09

Olá, senhorita Andromeda...

Esse é realmente um texto muito forte...

Belissimamente triste, que encheu meu coração de dor e sofrimento, mas ao mesmo tempo de beleza pela arte tão linda de sua escrita!!

Um abraço <3

Postado 07/10/20 17:58

Fico feliz que você possa extrair algo lindo aqui, porque sinceramente, me custa achar beleza em algo que faço. Muito obrigada, Meiling.

Um grande abraço cheio de gratidão.