Ah, se a vida fosse tal qual aquele super Nintendo, que quando dava problema você fazia um esforço (levantando-se), ia até ele, tirava a fita, assoprava, colocava novamente, resetando-o e, resolvido. Se bem que, nem com o Nintendo isso seria tão válido, uma vez que não foi um reset e sim vários...
Mas, a verdade é que isso parece ser muito útil às máquinas, a formatação de um computador que o diga: apesar do desgraçado ter memória, a gente apaga e ele volta a funcionar de modo bem mais eficaz. Pois bem, não sei se compartilho com mais alguém, mas, eu sinto uma falta de um botão reset, não no ser humano em si, mas em tudo que tange o pensamento e costume de massa brasileiro.
Talvez entre aqui um pessimismo Schopenhaueriano de minha parte e uma visão, obviamente, bem restrita de minhas vivencias, por isso, indevida de ser generalizada ou tomada como verdade absoluta. Mas, a confissão é que por vezes, eu penso que estamos nos encaminhando para um abismo intransponível.
O primeiro indicativo disso, é o enfraquecimento do pensamento crítico e os “ajustes” éticos e morais quanto ao que deveria ser certo e quanto a subjetivação de certo e errado. Sofremos tais aplicações e questionamentos diariamente e há uma tendência que deve ser barrada, com muito esforço, de não ceder ao convencional que nem sempre é o certo.
O segundo indicativo diz respeito a falta de consciência coletiva, nisso se enquadra o imperativo categórico de Kant “não faça para os outros o que não gostaria que fizessem para si”. E a verdade é que esse nobre exercício de se colocar no lugar do outro é negligenciado, ao meu ver, com uma frequência inquestionável. Parece-me que ainda vivemos com fortes instintos animais de sobrevivência, o qual o outro é inimigo de si e salve-se quem puder.
O terceiro indício diz respeito ao abandono do espaço público, muito longe de ser de todos, o coletivo torna-se órfão. E nisso, eu vejo implicâncias catastróficas cuja reflexo é mãe da depredação e desvios. Eu tenho a impressão que há uma certa tendência de desorientação ou perda de zelo quando lidamos com quantidades muito grandes de dinheiro e, aqui, me refiro a máquina pública. O dinheiro não parece ser nosso e a implicância disso são escolhas pouco fundamentadas, pois, não há preocupações pessoais.
Enfim, não pretendo me delongar, se bem que as divagações são tantas..., mas, por último, minha visão pessimista não vê com brilho nos olhos o que eu acredito ser a única salvação deste país, a saber: a educação. O ensino é negligenciado, parece não existir uma cultura de se valorizar o saber, mas sim o poder. Eu só consigo descrever como uma atrocidade a falta de zelo com esse setor, que vai desde o ensino básico até a praga de instituições de ensino superior que visam ao lucro e não excelência do ensino. Estamos longe de construir uma nação, parece-me que somos constituídos por retalhos, por furos, os quais escolhemos tampar, com finas películas, os que mais vazam, sem perceber, que no final a barragem vai romper e levar a todos nós. Ainda temos escolha, antes que o reset seja imperativo.