O lugar está bem cheio, uma mistura de som alto e barulho de conversas aleatórias.
Estou totalmente perdida, apesar de encontrar diversão observando as barraquinhas de comidas e brincadeiras. A gritaria de felicidade das crianças sempre colocaram um sorriso no meu rosto.
Me sento em uma daquelas mesinhas de piquenique e sinto olhares me observarem incessantemente.
Olho para a esquerda e um grupo parece estar comentando sobre algo com bastante entusiasmo.
Seria sobre mim? - pensei.
Uma mulher de cabelos castanhos sorri para mim e no mesmo estante fico sem graça. Bem, acabo de perceber que sou o principal alvo da conversa.
Volto o meu olhar para as crianças, tentando não pensar no grupo ao meu lado. Sem sucesso, continuo tendo a atenção das moças e rapazes, que começam a assobiar e gritar animados com alguma coisa.
De repente sinto alguém se aproximar e o perfume parece tomar conta de mim.
- Ei moça, posso me sentar aqui?!
Uma mulher de cabelos cacheados está em pé ao meu lado, sorrindo.
- Ah.. sim... Tudo bem. - Na minha falha tentativa de resposta, acabo gaguejando um pouco.
- Eu estava ali te observando por um tempinho... E fiquei sem saber se vinha falar contigo ou não. Mas... Pensei que se eu não tomasse uma atitude ficaria na vontade de te conhecer a noite inteira.
Eu nem sabia o que responder, estava num conflito. Não sabia se olhava para ela ou para as minhas mãos.
Dou uma risada sem graça e coloco uma mexa do cabelo atrás da orelha.
- Coragem é sempre bom...
Ela está sorrindo para mim e acho que acabei de cair numa armadilha, porque mal consigo pronunciar o meu nome.
Os olhos escuros e um pequeno sinal próximo a boca chamam a minha atenção.
Eu a achei sexy, bonita e divertida só nas duas primeiras frases, fico me perguntando o que viria a seguir.
- Me chamo Vivian. Você mora na cidade?
- Não.. Estou aqui de férias... do trabalho.
- Hum. O que você faz?
- Trabalho num hospital.
- Deixa eu adivinhar. Médica? Enfermeira? - ela solta uma gargalhada e pisca para mim.
- Não... Psicologa.
- Uau, acho que preciso de uma terapia.
Ela solta mais uma daquelas risadas divertidas e eu também.
- É só marcar...
Vivian me traz uma sensação maravilhosa, ela é divertida e por vezes me parece ter um certo controle da situação. Com certeza uma pessoa cheia de atitude.
- Você já foi em todas as barraquinhas?
Ela pergunta enquanto faz um coque no cabelo e eu observo todos os seus movimentos.
- Na verdade não. Eu fiquei só observando as pessoas por aí.
- Então vou te levar em todas. Vamos... E eu prometo ganhar algum desses jogos e te dá um ursinho fofo.
Vivian segura a minha mão rindo da própria piada e eu me levanto para ir com ela.
- Nossa, acabei de te dizer um daqueles clichês de filmes românticos.
- Os clichês são os melhores...
Sinto os olhares curiosos dos amigos dela sobre mim.
- Seus amigos não vão sentir a sua falta?
- Ah claro que não. Na verdade eles estavam torcendo pra que você aceitasse dar uma voltinha comigo.
Ela solta uma gargalhada e eu fico sorrindo sem graça, admirando aquela mulher divertida e sem nenhuma vergonha.
...
- Ei, sua imaginação está indo longe agora não é?!
Volto a realidade e me aconchego ainda mais em seu abraço.
- Eu estava lembrando do dia em que nos conhecemos.
- Ah... Que dia! Eu tinha passado quase uma tarde inteira angustiada e se meus amigos não insistissem de sair naquela noite, talvez nunca tivéssemos nos conhecido.
- Não. Acho que o destino se encarregaria de nos dá outra chance.
Ela sorri para mim e acaricia meus cabelos, lhe dou um beijo no pescoço e olho em seus olhos.
- Qual foi a primeira coisa que imaginou quando me viu pela primeira vez? - pergunto.
- Eu pensei, "preciso falar com ela imediatamente ou o meu dia irá piorar de vez". Te achei linda e o jeito que você mexia no cabelo... Quando ficava sem graça.
- Você não parava de me olhar e seus amigos também.
- Eles estavam me apoiando. Mesmo se eu levasse um fora, iria estar feliz por ter tomado uma atitude.
- Se você não tomasse uma atitude, eu com certeza iria dar um jeito de falar com você.
Ela me puxa para um beijo e me abraça forte, eu não consigo nem pensar em ir embora dos seus braços quentes e cheios de carinho.