Lá estava eu naquele lugar envolto de fogo e escuridão onde há muito tempo se iniciou uma batalha igual a que eu teria que travar.
Já não mais vestida de branco como todo ser de luz e sim de negro assim deixando claro minha escolha.
Meu rosto já não era mais o mesmo, estava abatido e nele havia uma palidez mortal que acompanhava um olhar vazio de ternura, e meu sabre de luz antes azulado se encontra rompido e em um tom carmim.
Caminhei por aquela superficie pedregosa e quente porém ouvi passos adiantados atrás de mim, era ele, meu mestre.
Virei-me liguei meu sabre e o encarei, estava triste, porém instintivamente ligou sua arma assim que liguei a minha, o olhei com pesar.
_ Não deveria estar aqui mestre... Eu disse para não vir _ disse eu em um tom baixo.
_ E eu disse que viria caso você escolhesse este lado _ ele retrucou sabiamente e calmamente, isto era tipico dele.
_ Então que seja, aqui será seu tumulo... mestre _ terminei dizendo aquilo, porém senti imensa dor tal dor que tentei disfarçar com a raiva.
Mas mesmo assim corri ao seu encontro e comecei a ataca-lo e ele a defender-se e contra-atacar sempre a me encarar e eu sequer.o olhava, não tinha coragem.
Aquela batalha estava um verdadeiro inferno, eu com minha revolta e ansiedade atacava com o sabre meu mestre que sequer se movia, era calmo e zeloso e conseguia me afastar e me colocar no chão sem o maior esforço. Entretanto a batalha nunca se encerrava r estavamos lá, batalhando no Submundo, onde a lava nos cercava.
Eu fiz cortes leves nos braços dele, como ele conseguia desviar dos ataques letais mesmo eu usando toda a força?!
E ele em contra-peso me jogava ao solo amargo pelo enxofre toda vezes possiveis com o mesmo olhar pesado.
Então a batalha findou.
Eu com um golpe desesperado após tanto tempo de luta o desarmei e apontei o sabre contra seu peito, era agora ou nunca.
Ele apenas me olhou e sorriu...
O mesmo riso doce na primeira vez em que nos vimos, como em toda vez em que nos olhavamos. Senti meu ódio morrer com aquele sorriso e a culpa tudo substituir e logo a agua salgada do meu choro inundou minha vista.
_ Não consigo, eu... não consigo por que ainda o amo... _disse entre soluços e lagrimas que pareciam me queimar como brasa, cai de joelhos e desliguei o sabre corrompido.
Eu falhei.
Esperava dele tudo, minha morte, a decepção, e até mesmo o rancor e tudo o que há de mal.
Mas de repente senti algo envolver-me, era macio e quente, era seu abraço...
Um forte abraço.
Pela primeira vez ele me abraçou, e eu me rendi a aquilo ainda entre soluços enquanto suas mãos calejadas pelo tempo acariciavam meus cabelos.
Era o fim da batalha, eu não cai de corpo porém cai de alma, tanto que sequer encarei suas orbes por ter feito o que fiz.
Tudo por medo...
Eu tinha consciencia que nada seria a mesma coisa, eu teria que partir pois meus pensamentos quebraram o código não só ao ir para o lado obscuro, mas por um dia imaginar mais do que aquele abraço terno com o meu próprio professor.
Mas ainda sim, naquele momento, eu deixei-me levar.
E ficamos lá naquele lugar envolto de lembranças e chamas apenas por um instante, senti-me plena em seus braços.
E tudo o que ele dizia era com calma e amor que eu sequer merecia era:
_ Está tudo bem... Vai passar, está tudo bem..
Quem sabe na outra vida não seja diferente e o final não seja tão triste como este foi querido mestre...