Lá estava eu, sentada no mesmo velho banco da praça em frente á matriz.
Pensando como o meu ultimo aniversário faria diferença, 20 anos, uma mulher feita, ainda magra e baixa a ponto de a confundirem com uma adolescente.
Eu esperava alguém, alguém que disse que viria quando eu assoprasse aquelas velas.
Eu o esperava, o tempo estava escuro pelas nuvens de outono, fazia frio e eu continuava lá sentada, apenas aguardando.
Demorou, mas de repente reconheci uma figura vindo de longe, ah, era ele, e não havia mudado nada.
Foi se aproximando, e eu ansiosa como sou não consegui permanecer sentada e fui ao seu encontro, vendo mais de perto, parecia mais velho, a barba por fazer, um tanto mais robusto também, mas ainda sim era ele, apesar das mudanças ele nunca mudou.
Fiz o jogo, perguntei se ele se lembrava de mim com um sorriso arteiro no rosto, e ele sorriu e como resposta apenas me abraçou apertado.
Eu esperei tanto por aquele abraço!
Retribui o gesto e me afastei, sentia-me nervosa demais por estarmos sozinhos e nos vendo pela primeira vez, me pergunto como aquele homem permanecia descontraido em um momento como aquele!
Me convidou para andar, sequer sabia para onde estavamos indo, ele apenas pegou minha mão e passou a caminhar por entre as arvores nuas, com belas folhas douradas sob o chão.
Após alguns minutos senti ele parar de caminhar e eu parei também, ele pegou minhas mãos e ficou frente a frente para mim, parecia ansioso. Se aproximou mais a ponto de nossos peitos se encostarem, senti que iria explodir naquele momento.
E em um movimento doce, me beijou, levemente, sem pressa ou medo, eu me deixei levar pelo momento e aceitei aquilo. Era meu destino, ao fim daquele selar delicado, ele apenas suspirou e entrelaçamos nossos dedos e voltamos a caminhar.
Agora de mãos dadas.
Aqueles três anos de espera, três longos outonos, três velas sopradas, depois de todo este tempo.
Eu estava com ele.
A espera valeu a pena.