Em um momento de distração,me pego olhando para o céu "da janela lateral do quarto de dormir" analiso as estrelas...Três Marias,Cruzeiro Do Sul e tantas outras constelações desconhecidas por mim. Elas me trazem recordações, lembro quando era criança mamãe dizia que eu não deveria apontar para elas, do contrário nasceria uma verruga na ponta do dedo(e eu acreditava), assim como acreditei que se deixasse os chinelos virados a mãe morreria, mas esse não foi o motivo pelo qual ela partiu...Me vem a mente vagas lembranças dela me mostrando as estrelas, apontando para elas! ( ela não devia ter medo de aparecer verrugas em seus dedos)...antes me mostrava as estrelas, hoje talvez tenha se tornado uma delas, ou simplesmente tenha deixado de existir, a morte ainda é um grande mistério. O celular vibra, me tirando do meu subconsciente, uma mensagem da operadora me lembra que devo recarregar. Volto o olhar para o céu mas não consigo mais me conectar com as estrelas, deve ser um sinal que devo ir dormir...já é tarde e amanhã será um dia cheio. Aciono o alarme para às cinco da manhã, fecho os olhos e ele já aciona (o tempo passa rápido quando se está dormindo) olho para o céu e não vejo mais as estrelas, só uma sombra quase apagada da lua que já está indo embora, passo uma água no rosto,uma escova nos dentes,prendo o cabelo em rabo de cavalo, coloco uma roupa qualquer. Hoje não quero café! assim como ontem eu também não quis,uma banana me vale.Olho no relógio e já são quase seis, desço para pegar o coletivo, ando quase três quarteirões para chegar no ponto,e pego o busão encostando, como sempre...lotado!! Vou em pé mesmo, um homem barbudo, com um pouco mais de altura que eu, usava uns óculos arrendondados,me observa continuamente, tento desviar o olhar, mas ele continua.Resolvi perguntar: Tudo bem com o senhor?Precisa de algo?- E ele simplesmente se virou percebendo que a multidão do ônibus o olhava. Chegando ao meu ponto, tentei tocar o sinal de parada do ônibus, mas aquela coisa não funcionava..então tive que gritar feito louca para que parasse. Parou. Desci, e logo atrás de mim desceu também o barbudo, e pelos passos (não quis me virar) estava vindo na mesma direção que eu, apressei os passos para que eu chegasse logo no trabalho...ao abreviar o andar tropecei em um buraco (Brasil) e cai juntamente com todas as coisas que eu carregava nas mãos.O homem perguntou se estava tudo bem, e eu fiquei ali...parada, caída, olhando para ele...a rua estava deserta...fiquei fria...com medo.Consegui me recompor, e comecei a levantar, dizendo que estava tudo bem...e já fui andando, e ouvi ele dizer: "Espera! não quer uma carona?" e eu me virei repentinamente dizendo que não...e fiquei imaginando como ele estaria me oferecendo carona se também estava a pé. Me virei mas uma vez e ele tinha sumido,não sei onde entrou. Cheguei ao trabalho, branca como uma papel..Sofia (uma colega de trabalho) perguntou se eu estava bem, e tentando desfaçar a cara de pavor disse que sim.Então me sentei na minha mesa,,olhei a hora que marcava no meu computador de trabalho(estava atrasada cinco minutos) e Sofia vem até minha mesa e me diz para eu me recompor pois hoje aliás era o dia que o novo diretor da empresa iria se apresentar( como eu pude me esquecer?). Não demorou muito o "desconhecido" diretor chega se apresentando a todos, quando inclino a cabeça em direção ao homem, levo um susto!! O mais novo diretor da empresa é o homem pelo qual eu corri o tempo todo antes de chegar aqui. Que vergonha! Ele se volta pra mim, dizendo: Aquela ali eu já conheço. E eu fiquei vermelha e ri sem graça,Sofia me deu uma cutucada, provavelmente imaginando outras situações completamente diferentes da real, então ele me pede para que eu levasse para ele um documento e se vira entrando na sala.Fiquei com medo do que ele fosse falar comigo,mas fui assim mesmo. Ele estava organizando suas coisas na mesa, colocando um porta-retratos da sua família, e outras coisas pessoais, tentando fugir da situação embaraçosa deixei o papel em cima da mesa avisando a ele, e me virei para sair da sala. Ele disse: Qual é o seu nome?- e eu respondi com a voz trêmula: Olímpia. -acabei por falar demais- "Olha me desculpe pela situação que aconteceu hoje mais cedo, mas é que a gente vê cada coisa hoje em dia..."-ele me cortou- "Tudo bem, só queria te dar uma carona, no ônibus vi pelo seu uniforme que você trabalha aqui, e como estava vindo pra cá te ofereci uma carona, meu carro estava em uma mecânica perto daquele ponto em que comecei a te "seguir"( falou com uma voz de deboche).Mas tudo bem, entendo você." Me virei e voltei ao meu trabalho,a tarde chegou...corri para pegar o transporte, estava mais vazio,pude me sentar em uma poltrona ao lado da janela...a noite caiu e pude ver as primeiras estrelas que enfeitavam o céu, tinha uma que parecia brilhar com mais intensidade,como se fosse um sinal, um guia...chego no meu ponto e desço, ando alguns quarteirões novamente e chego em casa. Abro a janela e tento procurar aquela mesma estrela que se destacava, no entanto ela desaparece...sinto uma brisa tocar meu rosto, caiu em sono profundo...acordo em meio a noite, a janela se fechou, as estrelas sumiram, o céu não existe mais...não me lembro do que aconteceu hoje...só sei que amanhã devo acordar cedo para trabalhar e será um dia importante, conhecerei o mais novo diretor da empresa. Aciono o alarme para às cinco da manhã, fecho os olhos e ele já aciona (o tempo passa rápido quando se está dormindo) olho para o céu e não vejo mais as estrelas, só uma sombra quase apagada da lua que já está indo embora....