É engraçado
Quando seu melhor
Simplesmente não basta:
Na verdade, pelo jeito,
Nem chega perto.
É engraçada
A relativa facilidade
Com a qual te descartam
Quando antes diziam
Que você era especial
Ou ao menos significava
Algo a mais em suas vidas.
É engraçado
Quando te excluem
Em detrimento de outros
Que nunca estiveram lá
Quando elas estavam chorando
Ou até mesmo pelas mesmas
Pessoas que as fizeram chorar.
É engraçado
Quando você percebe
Que se importou demais
E hoje provavelmente
É a única pessoa
Que se lembra disso.
É engraçado
Pensar no quanto
Você tentou entender
E que isso não foi recíproco.
É engraçado
Quando você agradece
Ou demonstra interesse
Por sentimentos expressados
Em tantas conversas
Mas, quando é sua vez
De fazê-lo do melhor jeito
Que é capaz,
Simplesmente duvidam
Da veracidade
Ou mesmo da existência deles.
É engraçado
Ficar pensando
Ficar lembrando
De tudo isso
Sendo que, ironicamente,
Os alvos de tais reflexões,
Não o fazem.
Não por você.
Talvez por outros e outras
Mas não por você.
(Por que deveriam, não é mesmo?)
É engraçado
Perceber só agora que,
No teatro da vida,
Você protagonizou
Tantas e tantas vezes
O papel de TROUXA
E no final de cada temporada
Nunca houve aplausos,
Apenas memórias
E indagações dolorosas
É engraçado
Não é?
Deve ser. Ou ter sido.
Para os demais, pelo menos.