Dou-te todo o tempo que precisares. Um fim de semana, uma semana, um mês. Todos os ponteiros do relógio. Doze badaladas a multiplicar por vinte, ou trinta, ou cem. O número que quiseres.
Assina um papel com o número de dias e horas que precisas para ti e para pensares no nosso caso. Mas não esperes que eu espere por ti.
Não quero esperar. Estou farta de esperar. Dou-te todo o tempo do mundo, só te peço que não tires o meu.
Eu não vou ficar parada. Não vivo para ti nem para os teus caprichos, muito menos para as tuas epifanias, em que te lembras de que talvez não gostas de estar comigo.
Toma o teu tempo. Pensa, no sossego da tua casa, sentado no sofá, iluminado pela luz da TV. Diverte-te, no frenesim da discoteca, a beber shots coloridos com amigos novos e amigas novas. Experimenta. O que quiseres.
Eu não te pressiono. Não te privo de nada. Mas eu também não vou esperar por ti. E não digas que é egoísmo. Egoísmo é o modo de como me retiras da tua vida quando as coisas começam a ruir.
Dou-te todos os tiques e os taques de que precisares, mas relembro-te que, enquanto o teu relógio está parado, o meu continua a funcionar.
Por isso, não penses que estarei, submissa, à tua espera. Farei o que muito bem quiser e entender. Porque a minha vida já parou muitas vezes por causa de todos os momentos que quiseste tirar para pensar se querias que eu continuasse ao teu lado ou não.
Gosto muito de ti, mas odeio o tempo que me pedes.
Pensando bem, podes ficar descansado. Apercebi-me de que não vales o meu tempo, nem eu o teu. Podes deixar de parar o relógio por minha causa.
Quando decidires o que quer que seja, vou sair da tua vida e do teu horário.