com o peito aberto, digo-lhe: já não sei mais quem eu sou; não sei quem fui, ou serei. a incerteza que me rodeia me agita e, antes que eu perceba, eu apago.
sinto repúdio pelos meus (futuros) atos e, sobre o passado: quero queimá-lo.
a imagem refletida no espelho não me agrada; é mentirosa, nojenta. o puro egoísmo foge de minha boca e, regada de ignorância, eu falo: eu me odeio. o melhor que já desejei pra mim, foi a morte.
sumir agora parece bem mais fácil do que lidar com meus atos. os que tomei, os que vou tomar e os que não tomei. agonizo-me antes de fazê-los e, quando faço, a decepção me preenche estarrecidamente.
já não me choca mais, na verdade.
esse sentimento vem sendo tão corriqueiro que já me parece um velho conhecido.
eu já não sei mais quem eu sou e nem quero ser, odeio-me e, por mais estranho que seja, eu sinto saudades do que já fui e jamais serei.