Caminhamos na praia em passos lentos, apreciando a vista. Suas mãos brincam entrelaçadas com a minha e um sorriso está estampada naquele rosto bonito que ele tem, e que sorriso...
Por vezes levanto meu vestido, para não molhar a barra com as ondas que beijam a areia da praia.
Quando não temos olhares curiosos ao nosso redor, nos beijamos e posso sentir como sua pele está quente, pela luz do sol e pelo calor dos nossos momentos.
Minhas mãos passeam por suas costas, agora um pouco molhada pelas gotinhas da água do mar. A sensação da sua boca salgada acariciando a minha é indescritível.
Com aquele sol de finalzinho de tarde e meus pés sentindo a fria areia da praia, entre uma frase e outra, Jack me surpreende com algumas conchas para minha pequena coleção.
- Sabe, as vezes eu penso que você é como um daqueles contos místicos que leio por aí...
O observo um pouco confusa e ele sorri.
- Sério? Como assim?
- Não sei. Você é estranha, mas no sentindo bom... Sabe quando a gente gosta muito de uma coisa mas não faz idéia se um dia vai conseguir desvenda-la por completo?
- Não sei... Não estou entendendo muito bem. - dou risada da sua pequena confusão, mas tento me conter e escuto com atenção.
- Estou dizendo que às vezes você parece uma daquelas histórias que eu escutava quando criança. Aquelas criaturas bonitas, mas perigosas. Que ajudavam os outros com sabedoria, mas que também avisava dos perigos das decisões erradas.
Seu olhar parece invadir a minha alma naquele momento, estou ali em frente a ele, sem saber o que dizer. Após uma pausa para pegar outra concha e me entregar, Jack continua a sua explicação.
- E daí você parece uma força da natureza, algo incontrolável. É bonito, bondoso e cheio de sabedoria. Mas tem seu lado sombrio, seus labirintos e suas surpresas...
- Ainda não entendi se isso é bom ou não. Mas gosto que as pessoas me vejam dessa forma.
- Isso é incrível. Parece que a gente está lendo um livro e imaginando todos os momentos, nem parece real. E quando você se pega vendo que está realmente vivendo aquilo... É surpreendente.
Ele volta a falar empolgado enquanto sorrimos um para o outro.
- Jack... Talvez eu seja uma dessas criaturas das histórias, ou talvez... aquilo que os outros vêem como algo comum. Mas de uma coisa eu tenho certeza, ninguém irá me decifrar totalmente.
- Quem sabe um dia eu consiga?
Ele me presenteia com mais um daqueles sorrisos tímidos, em que suas covinhas ousam aparecer.
- É... Quem sabe um dia!
Ele me dá um abraço apertado, beijando o meu ombro com carinho. Eu fecho meus olhos aproveitando mais um de nossos momentos, pensando no quanto eu amava aquele homem chamado Jack.