Invernos eternos consumidos no peito
alucinações assimétricas, retas sem
volta, congelo no granizo selvagem,
entre sóis derretidos e o vento perfeito.
Na arquitetura do sopro, o tempo,
seu dono fiel e impiedoso,
bulimia do temperamento
insólito e travesso.
Curva de esquina mansa
dentre animalidades perversas
criam doces histórias macabras
do gargalo que descansa.
Complacente momento turvo
espalhado em canções antigas.
Melancolia do ego transcurvo
na inércia de inesperadas neblinas.
Algumas décadas fazem falta
Noutras quero apagamento
total e singelo
na ribalta.
A misericórdia no alento transborda
a trama no palco tão bem ensaiada,
tradaptação esgueira da vida,
insana e desvairada.
A pele dormente encobre
o sangue ainda quente,
mas o amor, este louco varrido
ainda tem no coração gelo desfalecido.