Aqui, deitada nesse vazio
percebo sua ausência maniqueísta
no ar, nada direciona estas vistas sofistas,
nem tão pouco o fluxo do pensamento,
nada se move… nothing more.
nem paredes, quadros, vasos, lugares, nem você.
Sua escassez coabita nos centímetros do presente,
nas quinas do teto onde desfaleço os dias a desejar-te
estática, inerte, se me movo me perco no mortório jacente
e perco você. Sinto no âmago terrível abscesso,
talvez seja amor... A dor não me causa náuseas do tempo.
Vago, vago, vago, metros quadrados sem precisar das horas,
embriagada pelo torpor dos olhos, tudo, tudo… Tudo é tocavelmente
seu, o som da minha respiração, noites e dias, infinitamente
seu… O som querendo entrar, o vento batendo nas janelas,
a paralisia dos órgãos, a minha essência morbidamente evidente.
Sinto sua falta em todos os momentos lúcidos e deturpados,
nos refrões das melancolias mais tenebrosas, Chopin nocturne
é meu vizinho mais próximo, lado a lado com meus afetos.
Toca…. toca e me toca mais uma vez, estou morrendo aos poucos,
noite após noite, no negrume cúbico do espaço ainda sinto você.
É na loucura insana que nos encontramos
em corpo e alma frente aos delitos e gritos rabiscados
em meus versos. Regresso, regresso, outrora amante,
mas não há mão que me ampare nisso
senão a sua, leve-me contigo
em breve senão nesse instante!
Estou entrando em ataraxia profunda,
absoluta quietude da alma, abatida, sem pedaços,
sem o afago dos beijos e seus abraços,
hiberno jaz no agora.