Quando a lua banha as águas em toda e qualquer madrugada, é perceptível somente aos olhos mais atentos e intensos, a beleza das borbulhas cintilantes na água.
Peixes? Baleias? Algas?
Explicações científicas e sensatas para qualquer mistério que aparece no mundo mortal e humano, mas eu... Eu acredito na misteriosa beleza encantada da natureza...
A irmã maior de Catarina, implorou para que a infante não se fosse.
Mas a magricela estava decidida.
A mais velha com rugas de desgosto, ainda sofria pelo abandono do noivo, dos pais e de todos, estava em seu momento mais medonho e não podia permitir que sua única irmã e última alegria de vida, se fosse.
"Não me abandone" - ela se ajoelhou nas escadas.
"Não posso garantir" - pontuou a pequena de dezessete ciclos completos.
"Não se vá, não ouse me deixar!"
"Estão todos mortos, Lisboa, já é tempo de deixá-los para trás..." - Catarina apontou para os baús nos quais as cinzas repousavam.
"Não posso dirigir esta mansão sozinha!!! " - a mais velha com seu manto negro e com as lágrimas alagando o piso começou a gritar.
"A escolha é unicamente sua".
A pequena abriu as cortinas, admirou o frescor da noite e saiu, deixando para trás o coração em pedaços da irmã enlutada.
A jovenzinha andou léguas e léguas, ouvira em algum lugar que a maré sublime curava almas adormecidas.
Ela tinha de encontrá-la, mas, havia um porém... Catarina era cega.
Guiada por odores, barulhos e texturas do solo, a menina seguiu pelo escuro.
De segundos em segundos, ela tinha a sensação de que alguma luz estava bem diante de seus olhos, passando de raspão, pegando-na de surpresa.
Dizem que a maré sublime, só pode ser encontrada com o coração, e o de Catarina estava quase saindo pela goela...
Era um bom sinal...?