Eu já ousei me amar sozinha. Mesmo te tendo dentro do peito - e suas visitas serem sempre tão frequentes e aprazíveis a mim...
Já ousei amar-me, com certeza, deslizando meus dedos por esta minha pele quente que percorre quilômetros e quilômetros do que enclausuro dentro do peito...
E me amo às vezes, completamente nua enfrentando o espelho, o silêncio e a solidão que democraticamente eu e todos os meus demônios decidimos que faz tão bem a mim... Me amo quando me toco, deliciando cada tonalidade intrusa na epiderme, me amo quando sorrio para meus próprios dentes, me amo quando me deito e adentro minhas profundezas com um, dois ou quatro dedos...
E me faço ter espasmos com correntes elétricas magicamente transpassadas de nervo para nervo - e me causo tremores de desejo - e acaricio meus cabelos... Todos eles. Todo tipo deles que neste corpo puderem existir.
E me perfumo com meus aromas...
E me beijo por inteiro...
E de repente percebo, que com certeza eu mereço tanto amor, que nem você, nem ninguém, nem santidades, nem majestade, nem pessoas corriqueiras podem, puderam e poderão, amar-me tão bem, quanto eu amo a mim mesma.
Isto é dom.