A gente anda virando monstrinho sem querer.
Que os ânimos estão exaltados, todos bem sabemos. O ponto de discussão deste pequeno texto-desabafo é o quão nossa sanidade (falo por mim também) anda sendo posta em xeque, em função das eleições.
Buenas, talvez o ponto de partida para esta organização de ideias, seja o fato de identificar gente (de ambos os lados), que considero bons cidadãos, exemplos inclusive (vou lembrar novamente, de ambos os lados), assumindo papéis de militantes, quando o assunto é o lado “A” ou o lado “B”. Longe de ser um julgamento, busco aqui, identificar algumas razões para tal comportamento, as quais não fundamentarei em Freud ou qualquer outro notório pesquisador, mas que nem por isso, minha posição deva ser meramente ignorada, sem ao menos uma pitada de leitura crítica e de bom senso;
Primeiramente, a ideia é demostrar o que eu julgo como um fator positivo nisso tudo: os brasileiros estão começando a se inteirar de assuntos antes submissos, seja pelos vários escândalos (de vários partidos) seja com a corrupção e o descaso com o nosso dinheiro, seja por qualquer outra justificativa que para mim, se fundamenta em preceitos de ideais, pessoal e do conjunto, que regem uma sociedade.
Agora o ponto negativo: parece-me que as pessoas estão interiorizando a causa, a tal ponto, como se fosse um órgão vital integrante do próprio sistema (o coração por exemplo), que você não manda bater, mas ele bate sozinho. O que quero dizer com essa analogia, é que a racionalidade anda ficando em segundo plano, nosso instinto, ou em muitos casos o modo automático, parece estar falando mais alto toda vez que nos posicionamos contra o discurso de ódio, com mais ódio que o próprio discurso; quando ofendemos os outros, geralmente rotulando-os com nomes mais antidemocráticos, do que qualquer outra coisa, mas lutamos contra o preconceito; quando não aceitamos discutir, pois acreditamos que nós somos os detentores da verdade, e do único argumento válido, e no entanto, ironicamente andamos lutando contra a intolerância.
É interessante observar a percepção de nossos valores (não julgando-os), a forma como alguns tratam a corrupção como algo “não tão grave assim”, diante da “atrocidade” que está preste a assumir a presidência, como se pudéssemos colocar em uma balança quanto a corrupção matou e vem destruindo o país de forma intrínseca e um ser conservador que fala grandes besteiras e com isso, ter um resultado justo.
É errado pensar que, no Brasil, a corrupção anda matando mais do que o “discurso de ódio”? acredito que não. É errado pensar que falas preconceituosas e “antidemocráticas” seja mais grave? Também acredito que não. O que de fato me parece estar errado, é colocar os outros contra a parede e fuzilar com palavras do tipo: você vota nele? Defensor da ditadura, seu imoral! Você vota neste outro? Financiador da corrupção, deve ser corrupto também! Sendo que estas, nem de perto são as prioridades (ao menos não deveriam) de alguém escolher o lado “A” ou “B”.
Enfim, não quero dizer que não devamos nos contrapor, ou até mesmo não defender o que de fato nós acreditamos, a ressalva aqui, é como andamos tratando os outros seres humanos, por simplesmente pensar diferente.
Cuidado, estamos virando monstrinhos sem querer!