Ao triunfar, me condenei.
Passei a noite toda pensando em algo. Na verdade, boa parte da minha vida fiz isso, mas nunca por esse ângulo tão primitivo e simultaneamente poderoso.
Será que valeu alguma pena ter vencido minha corrida e ter assassinado tanta gente no processo? Vinte milhões de possíveis escolhas melhores agonizando ao meu redor, ansiosas pelo "prêmio" que conquistei.
A estreia no mundo imundo.
Que, por sinal, acabei desperdiçando tantas vezes que agora parece ter sido uma para cada vítima. E até hoje, ao escrever este texto, não enxergo um "por quê" convincente.
Tudo arremete ao mais absoluto vazio, brutalidade e insanidade. Vida provinda da Morte. A Segunda Lei da Termodinâmica impera. Nada FAZ sentido.
Entenda como quiser.
Talvez das milhões de opções ceifadas há tempos, existissem umas poucas piores no meio; duvido BASTANTE. Contudo, a verdade é que matei TODOS. E para quê?
Para "ser feliz"? Para "fazer diferença"? Para "ser salvo"?
Para ISSO?
Engraçado como algo tão bizarro passa despercebido pela Humanidade em geral...Todos somos assassinos desde o ventre materno. SATÃ!
Todavia, o pior de tudo isso é não ver validade ou sentido NENHUM na minha chacina uterina primordial.
Apenas tantos outros e crescentes genocídios inúteis.