Ontem caguei sangue, me senti um velho gordo, mas se me sentir um velho significa estar perto da morte, e me sentir um gordo significa e mesma coisa, então velhos e gordos que se sentem como eu, e não o contrário, pois fui eu que caguei sangue, não eles, e eu não me senti igual um velho gordo, pois nunca fui um.
Eu acho que o que senti de verdade foi a metalinguagem na minha cabeça, pois eu pensava no que eu estava pensando, prevendo cada filosofia de merda que eu fazia naquela situação, que eu ia cair duro no chão do banheiro mesmo desejando muito viver e prometendo nunca mais desperdiçar nada; que, se eu sobrevivesse, ia comer muita salada e iria falar pra minha mãe que eu tinha cagado sangue.
Porque o nosso cérebro nos odeia
O nosso cérebro funciona em metalinguagem, sempre julgando os nossos próprios pensamentos, achando ridículo os nossos posicionamentos e escolhas que tomamos todo dia, não nos levando a sério quando nós levamos o mundo muito a sério, principalmente nesse período, quando o brasileiro está à beira do caos. A metalinguagem só reforça a teoria de estarmos dentro de uma casca, e que nossos olhos são literalmente janelas da alma, o que nós verdadeiramente somos: uma alma sem aparência, porque a aparência é o inferno, e nossas almas não são lindas nem feias, porque isso é um adjetivo pra um corpo, o que nós não temos, porque não temos nada.
porque Tenho unhas grandes para limpar a sujeira da minha alma