A vida é relativa
Jadi Araújo
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 29/06/18 13:44
Editado: 29/06/18 13:47
Gênero(s): Reflexivo
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 4
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Usuários que Visualizaram: 9
Palavras: 345
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Esse texto é pra um guri que vocês conhecem como Diablair.

Não vou falar nada. Está autoexplicativo.

É algo que chamo de vingança.

Capítulo Único A vida é relativa

— A vida é relativa — sentenciou a moça, balançando os pés.

— A vida é relativa — concordou o homem, observando o movimento despreocupado do corpo dela.

Apoiando os braços na grade da ponte e sentados no chão frio, em plena madrugada (horário que, normalmente, seres humanos resolvidos estão adormecidos), encaravam a água parada lá embaixo.

— Como um... Redemoinho. De espinhos. E sangue.

— Entrar nele é fácil, manter o ritmo é impossível. — O homem resolveu fazer parte do looping filosófico.

Ela o encarou, querendo retrucar. Mas lembrou que tinha começado aquilo, então continuou:

— Mentes perturbadas, corações violentados, essências esmagadas...

— Sanidade não existe.

Aquilo foi claramente um complemento que não conseguiria elaborar sozinha.

— A vida é relativa. — Outro início da parte feminina da conversa. — Como um barulho infinito e incômodo. Uma mentira constante.

— Um brinquedo inútil e patético.

— Um game de alguém sem compaixão.

— Sobreviver é uma doença sem cura.

O jogo de palavras foi encerrado quando a ouvinte não encontrou resposta para aquilo, então deu um empurrão no braço do companheiro, como se quisesse dizer: "Não era para ter acabado assim". Nenhuma palavra foi dita, mas ele entendeu a mensagem e gargalhou.

— Vou começar de novo. — Ela sorriu também, fixando o olhar na água escura. — A vida é relativa como tentar caminhar firmemente

sem gravidade.

— Certo, mocinha. Continuo a brincadeira — cedeu o acompanhante. — A vida é relativa como se perder em uma multidão que transborda direções confusas e incertas. Como um espaço vazio, clamando por algo...

— Alguma coisa — interrompeu ela. — Qualquer coisa... Que faça sentido.

— Não tenho como prolongar isso.

— Eu tenho. — A declamante encarou o homem com profundidade. — No meio disso, você faz sentido.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas fechou logo em seguida. Ela sorriu, satisfeita por ter feito um pronunciamento tão importante e tão explicativo a ponto de deixá-lo sem reações.

— Sou fodido demais para fazer sentido — respondeu ele, passando a mão na cabeça.

— Você faz todo o sentido pra mim — disse ela, colocando o dedo sobre os lábios para sinalizar silêncio.

Um claro sinal de que o texto oral finalmente acabava ali.

❖❖❖
Apreciadores (4)
Comentários (4)
Postado 29/06/18 18:35

Essa maravilhosa ideia de transformar conversas em obras que prato cheio de criatividade...

Sem mais nada a dizer, agradeço por compartilhar sua obra.

<3

Postado 01/07/18 01:59

Não há palavras para algo cuja preciosidade só poderia ser minimamente expressada e agradecida com o mais forte, longo e sincero dos abraços...

Muito obrigado, Srta Jadi.

Está guardado. Pode acreditar.

Atenciosamente,

Um ser que não merecia, mas agradece sincera e imensamente, Diablair.

Postado 28/02/19 23:31

Ah, que obra mais gracinha! Um encanto do começo ao fim.

Meus parabéns ♥

Postado 05/11/20 13:57

Olá, senhorita Jadi, estou encantada com a beleza desse texto!

Todas as explicações sobre a vida ser relativa foram lindas e profundas, o que me fez ficar realmente maravilhada!

"Sobreviver é uma doença sem cura" - gostei muito dessa parte, acho que explica tão bem a vida, apesar de ser uma frase extremamente triste, mas eu gostei muitíssimo!

Parabéns por ter escrito algo tão lindo, e com o qual eu concordo inteiramente, pois em meio a esse mundo caótico, o Diablair faz todo o sentido de tudo!

Obrigada por compartilhar conosco, e um grande abraço <3