Vivendo uma rotina fixa com um dia-a-dia parado
O que poderia fazer? Meus sentimentos anestesiados
Tudo muito corrido, pensamentos negligenciados
Sufocado, estipardo, despreparado
Não há descanso e, sim, estou abandonado
O que mais seria senão um morto?
À vista não há nenhum porto
Eu estou sempre absorto
Sem nenhum exorto
Sequer sei como suporto
Pensei que não mais tinha mais alma
Que não existia nada que me trouxesse calma
Veja só, em ansiedade minha mente espalma
E num ciclo de solidão esta se empalma
Estaria fadado a viver em desalma
Era o que eu pensava
Um fantasma almadiçoado a vagar em multidões
Que meu rosto para os outros não teria sequer feições
Que minha definição fosse para eles apena um punhado de imperfeições
E incrivelmente de tudo eles sempre tiram conclusões
Eles sequer sabem as dimensões, as emoções as explicações
Eles se atém e vivem pelas imagens e ilusões
Fingem que se importam, mas conhecer eles tem zero intenções
Achei que era e sempre seria esse meu modo de viver
Que poderia ser minha culpa, que um desajustado feliz não poderia ser
Que eu deveria mudar, seguir a manada e da besteira deles beber
De mim mesma, meus pensamentos, o que sou, me abster
Se isso significasse melhorar, por que aborrecer?