Na mais belíssima clareira de uma floresta um tanto afastada de um vilarejo norueguês, Silja estava trêmula, ofegante e com o corpo esguio repleto de suor.
A Lua cheia já havia percorrido uma boa parte do céu naquela madrugada e a jovem Huldra não conseguira fazer absolutamente nada com a árvore diante dela.
Tentou de tudo: galhos nascerem ou se retorcerem, esticar ou envergar o tronco, expor ou aprofundar as raízes... Somente falhas. Nem mesmo o simples brotar de um mísero botão, apesar de todo seu esforço...
Mais furiosa que desfalecida, acabou por fim cessando o ato.
Seus lindos olhos cor de mel estavam marejados de raiva e de vergonha, já que falhara miseravelmente na mais banal das habilidades de sua raça.
Deixou-se cair de joelhos no solo duro, sem que tal baque de fato a machucasse.
Não.
O que realmente lhe doía era o coração, pois estava diante de Ulrikke, sua mentora. Era muita vergonha para uma Huldra só.
Sua longa cabeleira cor-de-fogo encobriu-lhe a face contrita conforme o vento frio da noite soprava calidamente por seu Corpo, como que tentando confortá-la.
Ela quis gritar em negação, mas preferiu morder o lábio inferior ao ponto do sangramento enquanto sua cauda tombava no chão como que morto.
- Eu... Não consigo, M'ma... - ela choramingou com um tom de voz que faria o mais brutal dos homens se apiedar de sua lamúria. - Eu NUNCA consigo...! Por quê? PORQUÊ?!
Afundou o rosto no gramado esperando pela punição.
Sempre havia uma punição...