Desventuras e Anedotas
6 de Janeiro
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 13/06/18 22:42
Editado: 13/06/18 22:48
Avaliação: 9.3
Tempo de Leitura: 2min
Apreciadores: 6
Comentários: 5
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Usuários que Visualizaram: 11
Palavras: 338
Não recomendado para menores de dezesseis anos
Notas de Cabeçalho

Ouçam "idon'twannabeyouanymore" da Billie Eillish

Capítulo Único Desventuras e Anedotas

Você é capaz de me fazer chorar

No dia que eu mais anseei a chegada

Seus murros e berros e olhares de ódio

Toda a sua armadura quebrando meu crânio em mil pedaços

Nós deitamos no mesmo colchão desgastado

Meu peito é um tambor

Minhas pernas, só espasmos

Você continua se mantendo sólido

Você continua se mantendo cálido

Só se dá conta de minhas lágrimas

Quando elas escorrem para o seu braço...

Por alguns dias, meu rosto foi perfeito

Como uma deliciosa mordida no pôr do sol;

Eu nunca havia conhecido tamanha alegria...

Porém, numa noite dessas,

Palavras antigas me perfuraram a língua,

Voltei a me enxergar decadente

Uma marionete em frente ao espelho

Uma perfeita incompetente...

E hoje chove amor,

Chove tanto quanto em meus olhos

Dói na Terra tanto quanto em meus seios

Se sou capaz de gozar sozinha, então, por que eu ainda me prendo?

Às vezes eu gostaria de rasgar minha garganta

E cada palavra por ela já proferida

Que veio a te beijar os ouvidos;

Eu continuo te tratando com amor injusto

Pois ele faria um melhor efeito

Se por eu fosse em mim, despejado

Meus dias eram mais solitários antes de você,

Porém, eu conseguia dormir a noite inteira

Sem me afogar em devaneios amargurados

Eu quero a morte do que eu sinto

Quero voltar para a casa

Existir com você, é um lento suicídio.

Eu gostaria de não me sentir obrigada a pedir desculpas.

Mas me bato no rosto todas as vezes que o vejo estilhaçado

Você... Continua dormindo

Sonhando com o passado

Estou novamente atolada.

Oitocentas bifurcações na estrada.

Impossível é, saber o destino delas.

Mas eu,

Eu vou voltar a respirar como antes...

Meu coração não mais cantará na garganta,

Não haverão rostos no teto me observando

Não haverão cheiros que vagamente um dia,

Me foram motivo de alegria,

No entanto, hoje me causam azia...

Eu voltarei a habitar em mim,

Amarei reciprocamente,

minha maior devota,

E terei palavras sensatas,

Para encerrar estas minhas

desventuras e anedotas...

Eu espero.

❖❖❖
Notas de Rodapé

É isto.

A 6 de janeiro terrivelmente triste, retorna.

Eu não senti falta dela, mas, ela me têm cada vez mais, à medida que eu tento me afastar.

Ela é persistente.

Ela agradece a vocês, por ainda estarem aqui.

Apreciadores (6)
Comentários (5)
Postado 13/06/18 23:12

Pois então. Minha personalidade me faz sentir um pouco de irritação em ver um eu-lírico nessa situação. Assim, me torno aquele chato estraga prazeres que quebra qualquer clima de um poema tão desolado quanto esse.

É muito sofrimento. E eu não gosto de sofrimento.

E nesse caso, o que me incomoda no eu-lírico, é que ele já cantou a pedra pra se safar dessa. Segue:

"Se sou capaz de gozar sozinha, então, por que eu ainda me prendo?"

Cara, aí tá o segredo. Foca em si e foda-se o resto. Pelo incrível que pareça, pouca coisa é realmente importante para uma pessoa. E nada é mais importante do que o amor próprio. Tem que se respeitar.

Assim, pra facilitar as coisas pro eu-lírico, eu sugiro que leia muito bem a definição de amor e de apego. Eu quando vi que elas eram coisas totalmente diferentes, mas com "sintomas" parecidos, facilitei minha vida.

Caso isso não seja o suficiente, aí sugiro a busca de um médico, pois isso pode ser depressão e depressão só com tratamento.

No mais, o poema tá muito bem escrito, com um português impecável. Só senti falta de umas rimas.

Parabéns e obrigado por compartilhar essa obra.

Postado 13/06/18 23:33

Certamente, o eu-lírico agradeceria pelos conselhos.

E, este texto está mais para um conto, em formato de prosa, não sei, tudo junto e misturado, bem atordoado... Porém, fico feliz por ele ser o que é, apesar de que eu adoraria ter conserguido pincelar mais rimas...

Obrigada! ❤

Postado 13/06/18 23:44

Pois é. Agora que vi que você o classificou como conto e não como lírico. Acho que fui ludibriado pelo site, visto que estou lendo pelo celular e a estruturação me fez o ler como poema.

Assim sendo, hehehe, as rimas não são necessárias

Postado 15/06/18 21:25

A estruturação pelo celular fica horrível mesmo hahaha

Postado 14/06/18 00:17

Que trabalho maravilhoso, um relato de um relacionamento não saudavel, que por mais que tenha tido momentos bons agora só é opressivo.

É dificil desapegar de qualquer esperança de que ainda possa funcionar, e você acaba não gostando da pessoa que você se torna, que você é nessa relação, mas no final há a libertação.

"Eu voltarei a habitar em mim"

Simplesmente amei, parabéns ♥

Postado 15/06/18 21:40

Obrigadaaaaa ❤

Postado 17/06/18 21:07

O amor que faz até mesmo uma simples plantas trazer milhares de lembraças, amargas ou não.

Um poema que faz questiona o motivo de "prender-se" a alguém, sendo que "Existir com você, é um lento suicídio"; uma maldição que assombra o sono e que ilude a mente, entre tantos outros anceios...

Uma obra onde o eu-lírico tenta até o fimzinho convencer-se que o melhor era antes de tudo acontecer, contudo, a última frase: "Eu espero". Uma chave de ouro muito bonita.

Ainda esperando muito, agradeço por compartilhar seu poema maravilhoso e, siceramente, parabenizo-la por tão bela obra.

<3

Postado 19/06/18 10:40

Obrigada! ❤

Postado 17/06/18 21:24

Solidão a dois deve ser algo deveras pesaroso, bem como sentir o desgaste lento e inexorável de um relacionamento antes tão idílico. Por desconhecer tais coisas, não posso comentar muito, exceto que a essência tétrica da obra, embora com um quê de qualquer fio de esperança (ou mesmo superação mediante um solitário recomeço, quem sabe) no final, me apeteceu bastante.

Não há como ler algo de sua autoria e sair intocado da experiência, Srta Janeiro. Pelo menos, não para mim.

Muitíssimo obrigado pela peculiar experiência e meus mais sinceros parabéns!

Atenciosamente,

Um ser que goza sozinho desde o primário, Diablair.

Postado 19/06/18 10:41

Não tá fácil pra ninguém...

Obrigada por estar sempre aqui ❤

Postado 02/09/20 23:56

Chorando, coração sangrando...

Sua forma de transmitir os sentimentos permite ao leitor sentir a sua dor, compartilhar a angústia e o sufocante desejo de liberdade.

Poema perfeito, em todos os sentidos...

Ansiosa por ver seu lado menos sombrio...

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