Você é capaz de me fazer chorar
No dia que eu mais anseei a chegada
Seus murros e berros e olhares de ódio
Toda a sua armadura quebrando meu crânio em mil pedaços
Nós deitamos no mesmo colchão desgastado
Meu peito é um tambor
Minhas pernas, só espasmos
Você continua se mantendo sólido
Você continua se mantendo cálido
Só se dá conta de minhas lágrimas
Quando elas escorrem para o seu braço...
Por alguns dias, meu rosto foi perfeito
Como uma deliciosa mordida no pôr do sol;
Eu nunca havia conhecido tamanha alegria...
Porém, numa noite dessas,
Palavras antigas me perfuraram a língua,
Voltei a me enxergar decadente
Uma marionete em frente ao espelho
Uma perfeita incompetente...
E hoje chove amor,
Chove tanto quanto em meus olhos
Dói na Terra tanto quanto em meus seios
Se sou capaz de gozar sozinha, então, por que eu ainda me prendo?
Às vezes eu gostaria de rasgar minha garganta
E cada palavra por ela já proferida
Que veio a te beijar os ouvidos;
Eu continuo te tratando com amor injusto
Pois ele faria um melhor efeito
Se por eu fosse em mim, despejado
Meus dias eram mais solitários antes de você,
Porém, eu conseguia dormir a noite inteira
Sem me afogar em devaneios amargurados
Eu quero a morte do que eu sinto
Quero voltar para a casa
Existir com você, é um lento suicídio.
Eu gostaria de não me sentir obrigada a pedir desculpas.
Mas me bato no rosto todas as vezes que o vejo estilhaçado
Você... Continua dormindo
Sonhando com o passado
Estou novamente atolada.
Oitocentas bifurcações na estrada.
Impossível é, saber o destino delas.
Mas eu,
Eu vou voltar a respirar como antes...
Meu coração não mais cantará na garganta,
Não haverão rostos no teto me observando
Não haverão cheiros que vagamente um dia,
Me foram motivo de alegria,
No entanto, hoje me causam azia...
Eu voltarei a habitar em mim,
Amarei reciprocamente,
minha maior devota,
E terei palavras sensatas,
Para encerrar estas minhas
desventuras e anedotas...
Eu espero.