Senhor Tempo,
Desculpe por chamá-lo assim. Na verdade você deve ser tratado assim. Minha família ensinou-me a respeitar os mais velhos e, como você existe bem antes de minha pequena existência ser planejada, devo esse respeito à você.
Deixando as explicações de lado, como consegue? Como consegue ser tão rápido, mas ao mesmo tempo tão lento? Admiro muito esse seu comportamento. É que nem observar as folhas caindo de uma árvore: Umas caem lentamente, outras, pela força dos ventos, acabam caindo mais rápido.
Queria entender como você consegue levar uma vida assim. Eu não consigo. Tem horas que penso que está correndo muito. Outras, penso que está demorando uma eternidade. Como consegue brincar com a mente das pessoas desse jeito?
Não estou brava. Só admirada mesmo. Não sei se é só coisa da minha cabeça ou é você pregando várias peças durante o dia.
Agora que paro pra pensar, mesmo com os dias que, aos meus olhos, foram lentos e monótonos, estamos quase terminando mais um ano. Mais um ano foi embora e, na minha correria, nem notei que passou rápido. Posso fazer a mesma pergunta novamente? Como consegue fazer isso, senhor Tempo?
Enfim, não quero prendê-lo a essas palavras simples e questionamentos que provavelmente não terão respostas. Por hora, irei deixá-lo fazer seu trabalho. Ou continuar brincando de ser rápido e lento, como vem fazendo há muitos anos.
Foi bom escrever para você! Espero continuarmos convivendo assim por muitos anos, até meu último fôlego de vida. Até qualquer dia, senhor Tempo.