Rótulos quando nos tocamos se perdem, fazem-se inúteis e de fato são; felizes são aqueles que sabem desfrutar do que têm sem a necessidade de dar nomes a suas relações e sem buscar parâmetros em vivencias passadas. Talvez por essa razão, goste em demasia quando tua voz invade meus ouvidos em áudios matutinos, diurnos e noturnos. E embora deteste rotular o que sinto, acho que posso estar vislumbrando algo novo contigo. Sentimento esse que não possui amarras e detém uma natureza tão livre quanto os papos descontraídos que temos durante a semana.
Ah, garota se em poucas palavras pudesse dizer como captura minha atenção, provavelmente começaria pelo teu jeito de menina mulher e de jogadora às vezes. Não me entenda mal, não sou fã de jogos, mas com você me disponho a tentar alguns e quiçá outros mais pesados — que bem sei, compõem doses do teu gosto. Não necessito falar de honestidade com a vossa pessoa, pois constantemente exponho os fragmentos de minha alma e tu sem pressa alguma, os coleta, com as mãos pequeninas e os une, de modo que eles tomam o tempo certo para curar-se e abrirem-se as novas perspectivas.
Em certos casos, o nosso especificamente, tais prazeres são melhores ocultos ou subtendidos. Não por vergonha, mas pela língua afiada do mero mortal que vós escreveis e também pelos demais viventes que não nos desejariam felicidade. Acredito que minha paciência me trairia e sem dúvidas, acabaria por detonar os seres que viessem aporrinhar o juízo que pouco tenho acerca do que acham ser melhor para nós. E sejamos sinceros, as pessoas que insistem em dar pitaco ou aquele famoso ‘‘toque amigo’’, muitas vezes não desejam ajudar e sim atrapalhar e eu não suportaria este ato. Pois, apesar dos desencontros e suposições errôneas, nossa peça é romântica e não se destina a finais trágicos e tampouco regrados a separações definitivas ou de longo/curto prazo.
Prefiro manter um espetáculo, onde os títulos se perdem em meio à bagunça que somos e até mesmo a tua risada despretensiosa. Prefiro um espetáculo em que transbordamos juntos, pois não carecemos de complementos. Afinal, já somos completos e juntos apenas extravasamos a vastidão que nos constitui.