A guria recostava sua bunda grande na barra de ferro horizontal que segurava os bancos da parada de ônibus suspensos no ar.
-Oi! – disse outra guria, que suportava grandes brincos-argola brancos, saindo de uma faculdade atrás da parada e chegando pelas costas da que estava recostada.
-Oi! – concluí que as duas eram íntimas por não se referirem pelos devidos nomes.
- Minha mãe me deu dinheiro pra comer no Saúde no Copo, ta ligado, mas eu vou gastar tudo em maconha. – disse a guria com os brincos-argola e provocou risos das duas, mas ela riu mais alto como se eu e uma turma inteira de faculdade não tivéssemos esperando ou ônibus ou lotação do lado delas – Vai pegar ônibus?
- Não. Lotação.
- Eu te pago o ônibus e você vai comigo.
- Ta
- O Gabriel vai lá em casa hoje...quer ir lá também? Podemos fazer um a três. – a que estava recostada começou a rir – O quê? – indagou e riu de volta tal qual uma obrigação – Eu sei. Eu sempre te convido pra fazer tudo a três, né? – prosseguiu a risada, só que agora mais alto e ciente do que estava rindo – Quer ou não? Lembra que o nosso último beijo triplo foi muito bom.
- Ta. Eu vou.
- Beleza. Ei, eu vi uns caras gatos ali na faculdade, vamos passar por eles antes que o ônibus chegue.
Quando elas já estavam longe, o ônibus chegou e eu subi um pouco desconcertado até achar um lugar para captar tudo. Nunca tinha visto de perto duas gurias conversarem tão explicitamente e à vontade de drogas até sexo a três. Me fez perceber como o movimento feminista tem sim uma luta pra vencer contra nós ignorantes com uma visão tão estreita diante dessas situações as quais são tão normais, mas nós não nos acostumamos a isso. Que não somos somente nós homens que querem transar pra caralho e experimentar narcóticos na adolescência. E que todo mundo pode dar pra quem quiser. Finalizando aqui, como eu queria ter sugerido um sexo a quatro depois da escola.