Costas nuas
a parede gelada
a pele não arrepia,
entretanto.
O olhar vidrado
quase um demônio
procurando o resquício
da alma dentro de ti.
A chuva caí em grandes golpes
quase iguais àqueles
que você insistiu em fazer
no seu próprio coração.
O espelho não demonstra
a sombra negra que te
consome
em pedaços enormes.
O toque melancólico
nas próprias costelas
o desejo por vermelho
na pele tão branca.
O fechar dos olhos
lentamente
que desabam
sem nem serem capazes.
A menta perturbada,
cansada de procurar os erros
no próprio quarto
tapa seu rosto com as mãos.
Essas cicatrizes que tu clamas
foram feitas por ti, ou por quem?
Esses demônios que te assombram
é o seu reflexo ou de quem?
Esses desejos que te escapam pelos dedos
são areia, ou você?
Esses pensamentos pesados que te assombram
são frutos de ti mesmo.
O corpo cansado,
a alma enferrujada,
a mente intoxicada,
a arma descarregada,
o escarlate estampado na parede,
a pele fria,
olhos vidrados no infinito,
o cadáver encontrado no apartamento,
tudo isso era você
ou sua angústia
te comendo?