Nada nos assombra mais do que as coisas que deixamos de dizer.
E eu deixei de dizer tanta coisa.
Que não há mais espaço para esqueletos em meu armário.
Dizem que encontramos o que realmente precisamos quando paramos de procurar o que achamos que queremos.
Para mim, sempre foi difícil admitir que o que eu precisava e o que eu queria eram opostos.
O que eu queria, era achar alguém cujo os demônios se dessem bem com os meus.
Quando na real, o que eu precisava, era alguém que me livrasse deles.
Dor é como se afogar, quanto mais você ingere, mais você se condena.
E as melhores pessoas, aquelas que tem o sentimento por beleza, a coragem de tomar riscos, a disciplina de dizer a verdade e a capacidade de fazer sacrifícios são as que, ironicamente, fazem de suas virtudes suas maiores vulnerabilidades. Essas são aquelas que constantemente são machucadas, as vezes, até destruídas.
Destruídas pela maior agonia que existe, a de ter de ostentar uma história inacabada dentro de si.
Fui convencida ao achar que não merecia a felicidade que você me proporcionava, e a afastei por medo das feridas abertas que você deixaria para trás quando indubitavelmente se cansasse da merda de pessoa que eu sou.
Você sempre foi essa pessoa que falava de uma maneira que fazia os outros amar ouvi-la. Mas ao mesmo tempo ouvia as pessoas de uma maneira que as fazia amar falar.
E na minha cabeça isso era quase como um super-poder.
E minha ignorância me cegou, ela me fez acreditar que eu nunca sairia de sua sombra, e que quando você se fosse embora, o Sol me queimaria.
Mas você nunca se viu acima de mim.
Você sempre esteve ao meu lado.
Mas o patamar que minha insegurança construiu era alto, e minha ansiedade fez questão de por você bem no topo.
E você era tão corajosa e quieta que as vezes eu esquecia que você estava sofrendo.
Sofrendo ao ver-me destruir a mim mesma.