Ele forçou-se a manter a consciência. Aquela sensação o envolvia, apagando os demais sentidos. Tudo se resumia ao êxtase daquele momento.
Ela sentia-se flutuar. Tremores e calafrios percorriam seu corpo, subindo e descendo por sua espinha centenas de vezes por segundo.
- Por quê? – ele se perguntava. Nem mesmo gostava dela. Quase nunca haviam se falado. Pouco se viam. Mas, quando a chama se acendeu, nunca mais se apagou.
- Por quê? – ela se perguntava. Sempre o achara estranho. Não que houvesse alguma vez realmente prestado atenção nele. Até o dia em que ficaram trancados no elevador.
Eram quase vizinhos, ela morava no 6° e ele no 8° andar. Foi onde acabaram quando o elevador voltou a funcionar. Até hoje não sabiam exatamente como a situação saíra do controle ou porque acabaram aquela discussão na cama dele.
Três horas mais tarde, ela deixava o apartamento dele, sem trocarem palavra. Sua convivência continuara igual nos dias que se seguiram. Até que se cruzaram no hall certa noite. E acabaram, de alguma forma, na cama dela.
Não se conheciam, de verdade. Não se gostavam, de fato. Mas, sempre que seus olhos se cruzavam, o desejo se apossava de seus corpos e nada os impedia de terem o sexo mais selvagem que jamais haviam ousado ter com alguém. Para logo após seguirem suas vidas.
Não se gostavam. Mal se conheciam. Mas não reclamavam, desde que seus corpos continuassem satisfazendo um ao outro.